John Mayer tem gravada na memória a lembrança de sua apresentação no Rock in Rio em 2013. ''Ver aquela multidão cantando as minhas músicas. Aquilo, sim, foi transformador'', diz o norte-americano, que faz show nesta sexta-feira, 20, em Belo Horizonte. Desta vez, a turnê inclui São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro.
Mayer se diz empolgado em voltar ao Brasil com o novo disco, o sétimo dele, The search for everything. Dono de canções emocionais, o músico (e galã nas horas vagas) é conhecido por atingir aquele buraco às vezes vazio no lado esquerdo do peito.
O repertório planejado para o Brasil mescla antigas e novas canções. “Em algumas turnês, incluí quatro ou cinco músicas dos discos mais recentes e a resposta não era boa. Reduzi para três. Às vezes, uma canção não funciona.
Montar o set list “é um balanço delicado”, revela. “Minha meta, para este ano e o próximo, é deixar de ser aquele ‘show de hits’ para ter um ‘show de catálogo’. O Pearl Jam fez isso muito bem: deixaram de se apoiar nos hits para ser capazes de percorrer o catálogo de canções deles. É o balanço entre ser familiar e interessante. Ser interessante faz algo se tornar familiar. E o familiar é o que faz algo ser interessante, hit ou não”, define.
Romântico – daqueles que esparramam amor por onde passam, com versos às vezes doloridos –, Mayer surgiu como um grande guitarrista. Atraiu a atenção de músicos e da crítica como um virtuoso, alguém a ser observado de perto. Mas a guitarra, em si, é um complemento. Ajuda a chorar as lágrimas da voz aveludada de Mayer. Aos 39 anos, ele sabe o que o inspira a compor. Entrar em temas que se aprofundam para o seu mundo interior, contudo, nem sempre é simples.
Com sete gramofones do Grammy na prateleira e mais de 20 milhões de discos vendidos, o americano prova que está no caminho certo ao esquadrinhar os sentimentos, em vez de esmigalhar a guitarra com aqueles solos blueseiros intermináveis.
The search for everything
Turnê de John Mayer. Esplanada do Mineirão. Av. Antônio Abrahão Caram, 1.001, Pampulha. Sexta-feira (20), às 21h. Pista: a partir de R$ 240 (inteira) e R$ 120 (meia). Pista premium: R$ 500 (inteira), meia-entrada esgotada. Informações: www.livepass.com.br.
três perguntas para...
John Mayer
cantor e compositor
Depois do Rock in Rio em 2013, você voltou ao Brasil para fazer dois shows em 2015. Agora, serão cinco. Algo por aqui chamou a sua atenção?
É verdade.
Em suas canções, há a sensação de se estar diante de uma mudança por vir, um amor que acabou, algo que vai embora. São como momentos prévios ao caos. Você também tem essa sensação sobre suas músicas?
Sim. Desde a minha primeira música faço isso. Sabe, internalizo muito as coisas, deixo as coisas bem profundas dentro de mim. Então, ao compor, vou a esse lugar para procurar essas histórias, esses sentimentos. Vou investigando atrás dessas coisas. Há duas coisas que tento compreender, mas de fato ainda não consigo: o tempo e o amor. Entende? A ideia de alguém não estar mais. De o presente já se tornar passado. Acho que, talvez mais velho, seja capaz de entender. Às vezes, penso que gostaria de repetir aquele dia que acabei de viver. Mas ele já está lá, no passado.
Com quase 20 anos de carreira, chegar a canções que tocam tanto o público é mais fácil?
Depois de escrever tantas músicas, é difícil encontrar uma nova ideia. O que o tempo me ajudou é que, agora, tenho a experiência. Então, quando chego à ideia, consigo usá-la de uma forma melhor. É mais fácil e também mais difícil.
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