''Mana é a eletricidade que irradia dos gestos e das coisas; é a força que organiza a vibração das plantas na frequência do vento; é a reconciliação com o feminino.'' É assim que o cantor e compositor Luiz Gabriel Lopes explica o nome que escolheu para o seu terceiro trabalho solo e que será lançado nesta quarta-feira, 11, com show no Teatro Bradesco.
Segundo o músico – que hoje vive na ponte aérea BH-São Paulo, ou melhor, ''na ponte-rodoviária'', como ele mesmo frisa – existe uma discussão hoje na antropologia de que tudo no universo, sejam objetos ou seres vivos, tem uma energia vital. ''E Mana tem a ver com isso. Esse conjunto de canções tem uma espécie de campo magnético que estou oferecendo ao universo. É uma maneira de contribuir para a construção de um mundo melhor, ainda mais em tempos tão difíceis. Acho que a música tem esse papel'', diz o artista que também desenvolve um trabalho coletivo, com o Graveola, reconhecido na cena musical independente.
Luiz conta que algumas das faixas que fazem parte do repertório já o acompanham há alguns anos e têm uma história particular nos muitos shows que vem fazendo. Há outras que são criações mais recentes. ''Estou sempre compondo e poderia ter pelo menos umas 30 músicas neste trabalho. Mas quis fazer algo mais enxuto, diferente dos meus outros álbuns (Passando portas e O fazedor de rios).
BANDO O resultado final são 10 faixas, sendo que a quinta, O cangaço lírico, é instrumental. O cantor e guitarrista conta que é como se essa vinheta fizesse uma transição entre um fictício lado A e um lado B do álbum. ''E esse cangaço, que são os músicos que estão comigo no disco – Téo Nicácio (baixo), Mateus Bahiense (bateria e percussão) e Daniel Pantoja (flautas) – são parceiros que fiz ao longo desses anos de estrada e que senti que estavam numa mesma sintonia que eu para fazer e produzir o Mana. Brinco que não são uma banda, mas um bando.''
O disco – que teve a produção de Lenis Rino – ainda conta com duas participações especias: a cantora Ceumar, que solta a voz em Quiléia (parceria de Luiz Gabriel e Paulo César Anjinho) e o compositor e saxofonista Maurício Pereira, em Caboclin (Gustavito e Thiago Braz). Como Ceumar não estará no palco hoje, Luiz Gabriel Lopes convidou a cantora e compositora Laura Catarina, filha de Vander Lee (1966-2016) para fazer uma participação. ''Eu e o Kiko Klaus estamos produzindo o primeiro disco dela, que deve ficar pronto em breve'' avisa.
VAQUINHA VIRTUAL Mana está disponível nas plataformas física e digital e foi viabilizado graças ao financiamento coletivo, com a colaboração de mais de 400 pessoas. Luiz Gabriel se define como um artista muito ligado ao ambiente virtual, seja na carreira solo ou no Graveola, e justamente por isso a aproximação com o público acaba sendo mais intensa. ''A internet possibilita um contato muito direto. A gente vai desenvolvendo quase uma intimidade, e a trajetória do artista independente está muito ligada a esse universo. Por isso, essa coisa da vaquinha virtual tem tudo a ver. Tive contribuição de gente de Rondônia, do Acre e até fora do país. O financiamento coletivo complementa esse processo de aproximação'', ressalta.
Abaixo, ouça Quiléia:
Luiz Gabriel Lopes
Show de lançamento do disco Mana.