Sérgio Santos comemora os 15 anos do disco 'Áfrico' com show no Sesc Palladium

Ao músico mineiro se une Lenine, que participou do CD, para apresentar repertório do premiado trabalho, lançado em 1992

Cecília Emiliana

- Foto: Dila Puccini/Divulgação

Sérgio Santos carrega a ancestralidade negra no sangue. E tem pelo menos duas provas disso. Uma delas é científica. Um teste de DNA, realizado há cerca de dois anos, comprovou: suas origens estão na República de Camarões, no Ocidente africano. A outra, musical, é Áfrico, terceiro disco do mineiro, um atestado dessa herança.

Lançado em 1992, o álbum completou 15 anos, que serão comemorados com show nesta quinta-feira (5/10), no Sesc Palladium. Sérgio Santos e Lenine, que participou do CD, apresentam o repertório do premiado trabalho, que levou o troféu Rival-BR em 2002 e disputou o Grammy Latino em 2010. Também sobem ao palco o pianista Tiago Costa, o contrabaixista Rodolfo Stroeter, o baterista Tutty Moreno e o flautista Nailor Proveta. ''Áfrico foi meu primeiro encontro com esse quarteto.

De 1992 pra cá, sempre tocamos juntos, em uma colaboração musical intensa. Tudo o que gravei depois teve a participação deles'', conta Sérgio.

Com o letrista Paulo César Pinheiro, a parceria é bem mais antiga. Companheiros de três décadas, eles compuseram cerca de 250 canções. ''Foi um encontro muito feliz com esses músicos todos, além de outros fundamentais, como o Moacir Santos e o Robertinho Silva. No estúdio, a gente mergulhou na sonoridade africana. Partimos de um caminho dado por meu violão e os outros instrumentos foram respondendo ao som dele. Paulinho chegou junto com as letras, que falam dos ritmos, costumes e ritmos da África'', conta Sérgio Santos.

Mais do que letras, Paulo César Pinheiro construiu uma espécie de narrativa para Áfrico. Da primeira à 18ª faixa (ele assina 17), o álbum conta a saga dos escravos que povoaram o Brasil. ''Quando o Sérgio me mostrou as músicas, senti que elas tinham um elo. Entendi que geravam uma história, a história dos negros no Brasil. Quando percebi isso, passei a dirigir o trabalho nesse sentido'', relembra Pinheiro.

O compositor elaborou o glossário que acompanha o CD. Nas canções, há várias palavras do dialeto iorubano, por exemplo. O nome do disco é um dos termos que ''brotaram'' nesse processo.
A expressão áfrico (negro alforriado), por exemplo, é usada pelo historiador Câmara Cascudo (1898-1986).

Nem Pinheiro nem Santos fizeram pesquisas para esse trabalho. ''Já estava tudo na alma, na cabeça, no coração. Sou do interior de Minas, de Varginha. Uma de minhas primeiras lembranças é o congado. Tudo aflorou rapidamente'', diz Sérgio. ''Frequentei manifestações culturais religiosas africanas a vida inteira. Sempre gostei de ver candomblés, casas de caboclos, umbandas e pretos velhos. Aprendi muito com isso. Então, não fiz pesquisa pro disco, pois a pesquisa foi a minha vida inteira'', conclui Paulo César Pinheiro, que foi casado com Clara Nunes.

ÁFRICO – 15 ANOS
Com Sérgio Santos, Lenine, Tiago Costa, Rodolfo Stroeter, Tutty Moreno e Nailor Proveta. Quinta-feira (5/10), às 21h.
Sesc Palladium, Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro. Ingressos: R$ 50 (plateia 1), R$ 40 (plateia 2) e R$ 30 (plateia 3). Meia-entrada na forma da lei. Informações: (31) 3270-8100.

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