São Paulo dominou a premiação do 47º Festival Nacional da Canção (FENAC), com quatro músicas nos cinco primeiros lugares, incluindo a campeã, Ritual, e a vice, O tempo e a vida. O terceiro lugar foi para a pernambucana Nós por nós. A final do Fenac ocorreu na noite de sábado, na Praça Padre Júlio Maria, em Boa Esperança, no Sul de Minas.

Além do troféu Lamartine Babo, os vencedores – os compositores João Guarizo, Bianca Godoi, Marcos Alma, os instrumentistas Lautaro (acordeom) e Bruno Werner (bateria) e a intérprete Bruna Moares – levaram para casa R$ 24 mil como prêmio. “Para falar a verdade, só de estar aqui neste evento já é consagrador. A gente faz o que gosta, revê os amigos, os conhecidos. Isso é maravilhoso. Mas sair de Boa Esperança com essa premiação é a cereja do bolo”, disse Bruna ao Estado de Minas.

A cantora conta que a iniciativa de se inscrever no festival foi do violonista e um dos autores João Guarizo. “A gente estava meio desacreditada e achava que a composição não ia agradar, porque era muito curta. Mas o João sempre nos incentivou. Ele organizava os ensaios e acreditou na força de Ritual.”

Para a surpresa de Bruna e seus companheiros, a canção já empolgou na primeira etapa, realizada em Coqueiral. Na finalíssima, derrotou outros nove concorrentes e agradou não só o público, como também o júri, do qual fizeram parte a editora-executiva do Estado de Minas, Renata Neves e o crítico de música e colaborador do jornal Kiko Ferreira. No total, foram 2,3 mil músicas inscritas, sendo que 100 foram para as seletivas realizadas em São Lourenço, Extrema, São Tomé das Letras, Coqueiral e Guapé.

Sobre a vencedora, diz sua intérprete: “É uma música que fala de como a sua própria fé é única, dessa comunicação consigo mesmo”. Esta foi a terceira vez que Bruna, que tem 22 anos e canta desde os 14, participou do Fenac. “São eventos em que a gente pode mostrar nossa força, nosso talento e que têm muita visibilidade. Esse público que a gente conquista pelo interior de Minas aqui no FENAC é grandioso”, comenta. Além de soltar a voz, ela compõe e se prepara para gravar seu segundo disco. “É um projeto de financiamento coletivo que vai reunir só faixas inéditas e de grandes amigos”, diz.

A premiação para a segunda colocada, de Rodrigo Régis e Tata Alves, de Santo André (SP), são R$ 18 mil. Daniela Alcarpe e Ruan Trajano, autores de Nós por nós, receberam R$ 12 mil. A quarta colocada foi Um minuto de silêncio, interpretada por Bezão e Nô Stopa, de São Paulo. Os músicos garantiram R$ 8 mil. Luis Dillah, de São José do Rio Preto (SP), ficou em quinto lugar, com Desvão, e levou R$ 6 mil. Ainda houve premiação para o melhor intérprete do festival – Júnior Almeida, que defendeu a canção Dose certa. O cantor ganhou R$ 8 mil. 

 

 PRIMEIRO LUGAR

» Confira a letra de Ritual, de João Guarizo, Bianca Godoi e Marcos Alma

E se meu Deus for o Sol
E se meu Deus for de cor
E seu o meu ritual
For de atabaque e tambor

Sabe se Deus é um só
Bem vence o mal perde o amor
E se o meu ritual
For de fumaça e licor

Eu que me curo me perco me acho
Eu que transformo meu santo em diabo
Eu que me encaro
Eu que transbordo em mim

Eu que me curo me perco me acho
Eu que transformo meu santo em diabo
Eu que me faço
Eu que me acho em mim