Luís Capucho promete tarde de música e literatura no Espaço 171

Artista faz pocket show neste sábado, em BH, para lançar o livro 'Diário da piscina' e apresentar suas canções

Ângela Faria
Artista vai intercalar canções com leituras de seu novo livro. - Foto: Ana Rovati/Divulgação
Luís Capucho convida para um mergulho metafísico durante o pocket show que ele fará nente sábado, 09, em BH. O artista chega de Niterói (RJ) para lançar o livro Diário da piscina e apresentar suas canções ao lado do guitarrista Vitor Wutzki. Capucho compôs Maluca (gravada por Cassia Eller), Máquina de escrever (parceria com Mathilda Kovac, faixa de discos de Pedro Luís e A Parede e de Patricia Ahmaral) e Eu quero ser sua mãe, gravada por Eduardo Cosentino, destaque da cena underground carioca. Músicas dele estão em álbuns solos de Wado e de Gustavo Galo (da Trupe Chá de Boldo).

O estilo de Capucho, de 55 anos, costuma ser associado ao de Jards Macalé, Jorge Mautner e Itamar Assumpção, a famosa trinca dos ''malditos'' da MPB. Recentemente, Ney Matogrosso declarou a intenção de gravar um disco com canções de todos eles. Conhecido no underground carioca, o compositor e escritor capixaba mora em Niterói. Recentemente, recebeu dos vereadores daquela cidade a Medalha José Cândido de Carvalho devido à contribuição de sua obra à causa LGBT.

Capucho prefere não se prender a rótulos – sejam eles compositor ''maldito'', militante da literatura gay ou pioneiro das chamadas ''estética viada'' e ''MPBicha'', que, aliás, têm projetado Johnny Hooker, Rico Dalasam, As Bahias e a Cozinha Mineira, entre outros jovens cantores. ''Sou homossexual.
E isso, claro, está na minha obra. Mas falo de outras coisas, de outras inquietações também. Rótulo minoriza. Se você se limitar só a esse ângulo, acaba excluindo os outros'', explica.

O sexo está presente tanto nos livros Cinema Orly (2005), Rato (2007) e Mamãe me adora (2012), como nos discos Lua singela (2003), Cinema Iris (2012) e Poema maldito (2014), mas Capucho avisa: jamais foi ''artivista''. Ele não se incomoda com o fato de sua obra servir à militância LGBT. Diz que pouco entende da chamada ''estética viada'', mas considera positivo o fato de artistas ligados a ela conquistarem seu espaço em palcos importantes, alcançando o grande público. ''Antigamente, eles só se apresentavam em boates gays'', lembra.

DECLAMAÇÃO O show de sábado terá canções entremeadas com a leitura de trechos de Diário da piscina. ''Será uma declamação de músicas'', resume. Inclusive, uma delas – Ave nada – inspirou-se no próprio Diário. Portador do vírus HIV, Capucho enfrentou, em 1996, graves sequelas devido à neurotoxoplasmose. O premiado Cinema Orly foi escrito depois que ele superou o coma, e o fluxo delirante de emoções marca essa escrita. ''Mergulhei na sensação de que iria morrer'', revela.

Diário da piscina traz anotações feitas durante aulas de natação que lhe foram recomendadas como fisioterapia. Aos poucos, Luís foi retomando a coordenação motora, enquanto relembrava a infância, reparava na beleza dos rapazes e convivia com os novos amigos da academia.
Depois de flertar com a morte, emergiu para a vida.

Feliz em voltar a BH com sua ''música meio hippie'', como diz, Capucho prepara-se para gravar o disco Crocodilo em parceria com Pedro Dias Carneiro. Isso se dará na sede carioca do Estúdio 304, que pertence ao aclamado produtor mineiro Chico Neves, que há algum tempo voltou a morar na Grande BH.

DIÁRIO DA PISCINA
Com Luís Capucho (voz e violão) e Vitor Wutzki (guitarra). Sábado (9/9), às 16h30. Espaço 171. Rua Capitão Bragança, 75, Santa Tereza. Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada). Promoção do Núcleo de Experimentação Cinematográfica (Neca).
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