Um dos melhores discos de 2017 foi feito em 2016. Explica-se: lançado em formato digital no final do ano passado, o instrumental Sangue negro, do pianista pernambucano Amaro Freitas, só agora sai em CD, para alegria dos que não abrem mão de boa música e preferem o conteúdo bem embalado, num formato tradicional.
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Graduado em produção fonográfica, o recifense é autor de cinco das seis músicas e já esteve no ano passado em Belo Horizonte, no Savassi Festival. Foi vencedor, com seu trio, do Prêmio MIMO Instrumental de 2016. Acompanhado do baixista Jean Elton e do baterista Hugo Medeiros, com quem forma o trio, Freitas conta, no estúdio, com o trompete de Fabinho Costa e o sax de Elídio Souza.
O estilo feérico, que os especialistas já relacionaram a nomes como Keith Jarret e McCoy Tyner, passa por influências como Brad Mahldau, Hermeto Paschoal e Thelonius Monk e ganha originalidade quando o autor confessa que sua maior influência é Capiba, talvez o maior compositor de frevos de todos os tempos. E a Spok Frevo Orchestra, que dá tons jazzísticos e modernos ao ritmo pernambucano.
Com uma dinâmica que lembra, em muitos momentos, os desenhos sonoros de Charles Mingus (reforçada pela pegada do baixista Jean Elton), Amaro proporciona ao ouvinte imagens mentais que independem de formação e informação prévias. Mas, como toda boa música, satisfaz os jazzistas mais exigentes.
Sangue negro
• Artista: Amaro Freitas
• Gravadora: independente
• Preço sugerido: R$ 25,90