No dia 19, Ney Matogrosso subirá ao palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro para receber loas à sua trajetória. Vai cantar também – Bandido, Balada do louco, Pro dia nascer feliz e Rosa de Hiroshima, músicas selecionadas por Machline –, além de ouvir colegas interpretando o seu repertório,
A despeito das dificuldades por que passa o prêmio no início de sua terceira década, pode-se afirmar que a festa vai ser bonita. Porque Ney é homem do palco.
“Disco sempre foi um pretexto para chegar ao palco.
E que “resto”... Cantor de timbre único, sua presença cênica sempre vai além da voz. Cenário, figurino, maquiagem, iluminação, nada é gratuito. Tudo está a favor da performance, sempre única. Tem sido assim nos últimos 44 anos, desde que ele surgiu como integrante do grupo Secos & Molhados.
Prestes a completar 76 anos (em 1º de agosto), Ney está vivendo um momento inédito na carreira. Há quatro anos e meio continua em cena com o mesmo show – Atento aos sinais, já visto por mais de uma ocasião em Belo Horizonte, tanto em teatro quanto na rua. “Tenho agenda até o fim do ano. E, a cada vez, fico mais impressionado, pois os shows estão se esgotando com antecedência. As outras turnês duravam dois anos e meio, no máximo”, comenta.
Ney não se diz cansado da turnê: “Só me canso fisicamente, o que é normal, mas não de fazer o show, pois em cada lugar, quando a apresentação tem início, alguma coisa se acende na plateia. E isso me acende.”
A idade não o assusta.
O momento, a despeito de qualquer coisa, é de mirar o futuro. O artista já tem um esboço consistente do repertório de seu próximo álbum.
“Na verdade, no momento atual, quero cantar tudo o que me dê vontade. Quero abrir o disco com Eu quero é botar meu bloco na rua (Sérgio Sampaio), gravar O que será (Chico Buarque), mas na versão que a Simone fez para o filme Dona Flor e seus dois maridos (1976), e Coração civil (Milton Nascimento e Fernando Brant), músicas que me inspiram”, revela.
NAÇÃO ZUMBI Antes disso, há outro show que muito provavelmente deve render uma turnê. Em 22 de setembro, Ney se une à Nação Zumbi para uma apresentação no Rock in Rio. Ele e a banda pernambucana vão reler o repertório do Secos & Molhados, que Ney integrou entre 1973 e 1974.
Em maio, o vídeo com o registro da canção Amor, com Ney e a Nação, foi saudado por fãs de ambos. A percussão e a guitarra características do grupo pernambucano deram peso e uma atualizada na canção. E os agudos de Ney combinaram com os graves de Jorge Du Peixe.
Até agora, pouco foi decidido sobre o show. Na semana passada, o cantor foi a São Paulo para iniciar as conversas com os integrantes da Nação. “Não sabemos ainda como será o show. Sei que também vamos fazer o repertório deles e de Jackson do Pandeiro, que eu pedi. Temos tempo para ensaiar, não estou preocupado com o show. Ainda. Porque na época vou ficar maluco”, admite.
A vontade de trabalhar com a Nação vem de alguns anos. Ney queria que a banda tivesse gravado Atento aos sinais com ele. “Chegamos a conversar, mas eles tinham falado sobre um trabalho com a Marisa Monte (o CD e DVD ao viv
O encontro no palco tem gerado tanta expectativa que mesmo antes de o show estrear já há convites para apresentá-lo em outras cidades. “Recebemos propostas, mas não aceitamos nenhuma, pois ainda não temos o que oferecer”, explica Ney. Por ora..