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Músico Eduardo Praça lança seu primeiro álbum, 'Rio do tempo'

Aos 30 anos, paulistano já passou por duas bandas de destaque na cena alternativa, Ludovic e Quarto Negro

Guilherme Augusto*

- Foto: JOSÉ MENEZES/DIVULGAÇÃO

Compor, gravar e produzir músicas sempre foram atividades presentes na vida de Eduardo Praça. Aos 30 anos, o músico paulistano já passou por duas bandas de destaque na cena alternativa, Ludovic e Quarto Negro. A última delas teve seu fim anunciado em março deste ano. “Estar em uma banda é um processo muito desgastante, um convívio muito intenso”, comenta. Agora, ele lança mão desse aprendizado em sua estreia solo com o disco Rio do tempo, sob o codinome Apeles.
“Trata-se de um nome artístico. Eu gosto da sonoridade dele. Meu desejo é me diferenciar de meus outros trabalhos”, afirma. O nome foi tirado da inquietante biografia da poeta portuguesa Florbela Espanca (1894-1930).
Apeles era seu irmão caçula e a quem ela recorria nos momentos de instabilidade. Como um feixe de luz em meio à tempestade, ele se tornou o mote perfeito para o primeiro álbum solo de Eduardo Praça.


Rio do tempo não é pulsante e verborrágico como o trabalho da Ludovic, mas mantém com a Quarto Negro uma semelhança do tom melancólico e introspectivo. Com 10 faixas, o disco é simétrico e apresenta duas partes bastante definidas demarcadas pelas músicas XVIII I ‘13 e XXV VI ‘16. Dispensando letra e voz, os instrumentais revelam uma parte misteriosa e sombria e outra mais esperançosa e, por vezes, animada. “Elas estão entre a melancolia, a urgência, a nostalgia e a superação e representam datas importantes para mim”, diz o cantor.

INTENÇÕES Essa carta de intenções marca presença também nas canções subsequentes. Vermelha, destaque no quesito harmonia entre letra e arranjo, apresenta imagens líricas de uma mulher intensa em instrumental crescente, que abre espaço para a entrada de violoncelo, e termina de forma abrupta. Já a faixa-título, Rio do tempo, está entre a comédia e o drama, meio-termo alcançado com o uso de sintetizadores e o efeito da reverberação na voz.


O disco traz uma parceria do autor com Hélio Flanders, vocalista do Vanguart, na faixa Clérigo. “Quando compus essa música, minha ideia era convidar uma cantora, mas depois percebemos que seria perfeita para a voz dele, que é um dos melhores cantores do Brasil”, avalia Apeles. Com potencial para agradar os fãs do Vanguart, a música vem embalada pelo clima de ladainha pessimista do disco da banda Boa parte de mim vai embora.


Mais do que uma estreia solo, Rio do tempo é um recomeço. “Nada como a passagem do tempo para mudar o fluxo das coisas. Penso neste trabalho como um rio em que, quando você se distrai e não percebe, tudo já mudou”, diz o músico. Composto em São Paulo e gravado em Belo Horizonte, o álbum também trouxe a oportunidade de Eduardo Praça se aproximar da capital mineira de uma forma diferente, o que lhe deu a chance de traçar um paralelo com a metrópole paulistana.
“Esse disco é muito centralizado em um personagem cheio de sonhos, frustrações, ilusões e desilusões, que vive em uma cidade boêmia. Além disso, é um disco de várias nuances e isso é um reflexo de uma cidade como São Paulo”, explica.

Nos dois meses que passou em BH, pôde perceber as semelhanças. “Belo Horizonte tem um pouco dessa atmosfera paulista, com uma mistura de boêmia, bar e romance, apesar de ser uma cidade mais enxuta.”


Rio do tempo fala sobre aflições e esperanças e assume um tom distante da passionalidade do vermelho impresso na capa. O projeto gráfico do álbum, aliás, traduz um discurso diferente daquele evocado pela música de Rio do tempo, comprovando que Apeles fez com esse álbum um trabalho conceitual que se aproveita da chance de expressar duas ideias – uma gráfica e outra musical – não necessariamente correlacionadas.

*Estagiário sob supervisão
da editora Silvana Arantes

 

 

RIO DO TEMPO
Artista: Apeles (Eduardo Praça)
Gravadora: Independente
Preço sugerido: R$ 25

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