Lançado primeiramente no Japão, no ano passado, onde Joyce é conhecida há pelo menos 30 anos, o álbum traz 13 músicas inéditas que refletem o atual momento da autora de Clareana e Feminina.
SAMBA
Na faixa de abertura Joyce exibe sua ginga e sua ligação de longa data com o samba. No mistério do samba foi a única feita por encomenda. Maria Rita pediu a canção para integrar o disco Coração a batucar (2014). Um dos destaques é a belíssima Forrobodó das meninas, dedicada a Chiquinha Gonzaga. “Toda mulher gosta dessa música”, observa. Outra figura feminina, Nossa Senhora, é celebrada em Ave Maria serena, cuja letra diz: “Ave maria serena/ Tantas Marias morenas/ Vêm te pedir proteção/ Maria, mulher sagrada/ Dentre as mulheres amada/Padroeira da nação”. Das 13 canções, apenas três foram feitas em parceria: Dia lindo, com João Cavalcanti, e que conta com o vozeirão de Dori Caymmi; Casa da flor, ao lado de Paulo César Pinheiro, e O poeta nasce feito, com Torquato Neto.
Em 2000, Joyce deu uma entrevista a Ziraldo que provocou certa polêmica. A cantora afirmou que a canção, no formato que todos conheciam, havia acabado. Chico Buarque fez análise semelhante em 2004. A artista chegou a se arrepender da declaração, mas acredita que o auge da canção, esse sim, já passou. “A música é uma forma muito específica de arte.
Joyce Moreno diz ainda que, lá fora, o interesse pela boa música brasileira é crescente e que acha uma pena isso não ocorrer por aqui. “É um tesouro brasileiro que a gente está deixando escapar. E não há interesse, porque há anos não temos uma política cultural decente. É triste, porque é um valor que é sonegado à população. Você chega numa escola e ninguém conhece Chico Buarque, Elis Regina, Tom Jobim. O Gil tem uma frase que acho que resume muito bem isso: ‘O povo sabe o que quer. Mas o povo também quer o que não sabe.’ Deixar o mercado dirigir o que você pode ou não ouvir é antidemocrático”, desabafa.
Palavra e som
Artista: Joyce Moreno
Gravadora: Biscoito Fino
Preço sugerido: R$ 32,90
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