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Em songbook que será lançado hoje, Toninho Horta ensina seus principais sucessos

Edição reúne melodias, cifras e acordes que fizeram a fama do mineiro como o craque das harmonias que encantaram o mundo

Mariana Peixoto


 

- Foto: Luisa Horta/divulgação

As letras do Brant eram voltadas mais para o cotidiano. O Milton tem um lado forte da negritude. Já eu não sou um cara eclético, só faço canção de amor”
Toninho Horta, músico

 

São 108, mas poderia ser mais. Com 68 anos de vida e 50 de carreira, Toninho Horta contabiliza pelo menos 200 composições. Da primeira, Flor que cheira saudade (1964), até a safra mais recente, que será conhecida no álbum duplo Belo Horizonte, com lançamento no segundo semestre, ele acredita ter pelo menos 130 músicas gravadas.

Pois foi a irmã caçula, a flautista Lena Horta, quem lhe sugeriu o número 108. “Seriam 120, mas ela é budista, toda zen, e disse que 108 é um número sagrado na Índia”, diz Toninho sobre as selecionadas para o songbook 108 partituras.

Projeto independente que consumiu os últimos cinco anos de parte da família Horta, o livro será lançado hoje, no Teatro Bradesco, com show. Ainda não é o projeto mais ousado do mineiro, o chamado Livrão da música brasileira, que ele pesquisa há 31 anos. Mas é uma reunião consistente da trajetória de um dos mais importantes instrumentistas brasileiros.

Em edição bilíngue, português e inglês, o songbook vai além das partituras.

Ao longo de 360 páginas, a obra traz detalhes biográficos de Toninho. As partituras são divididas por décadas, a partir dos anos 1960. Em cada capítulo, há informações sobre onde ele estava em cada época, as influências, os discos do período, etc.

Na parte central da publicação, 28 páginas coloridas reúnem fotos, a discografia solo e com banda, capas de álbuns (ele participou de pelo menos 300), listagem de quem compôs músicas em homenagem a Toninho – são 87 autores do Brasil, Israel, Itália e Japão, entre outros países.

“As partituras estão no sistema mais prático para todo mundo. Têm melodia e cifra. Há também diagramas de acordes com posições certas para os instrumentos (violão e piano)”, conta Toninho. O trabalho de reunir o material não foi simples. “Músicas mais antigas estavam apenas na minha lembrança. E, com o passar o tempo, tenho a tendência de alterar, sofisticar alguma coisa. Pois tentei ser o mais fiel possível à época em que cada uma delas foi feita”,diz.

Como o material é dividido por décadas, o livro deixa claras as mudanças na obra do compositor. “Até meados dos anos 1980, tenho mais canções. A partir desse período, minha música vai ficando mais instrumental”, explica.

MILTON A primeira década termina em 1969 com Aqui ó, primeira gravação com Milton Nascimento. Na fase com o Clube da Esquina fica claro o lado canções, com parcerias com Márcio Borges (Nem é carnaval, Correntes), Fernando Brant (Manuel, o audaz, Durango Kid, Falso inglês) e Ronaldo Bastos (Bons amigos, Viver de amor, Serenade). Há também canções com música e letra de Toninho, caso de Beijo partido e Minha casa, ainda da fase inicial da carreira.

Destaca-se a única parceria com Milton, Segue em paz (1966), que permaneceu inédita até a gravação da cantora Paula Santoro nos anos 2000.

A vida no exterior, intensificada a partir década de 1990, foi dedicada principalmente à música instrumental.
Harmonia & vozes (2010) é um momento recente de reencontro com a canção. Nesse trabalho, Toninho teve sua obra gravada por Ivete Sangalo (Diana), Erasmo Carlos (Serenade), Ivan Lins (Você me trouxe o sol) e Beto Guedes (Meu nome é que diz), entre outros.

“Pelo fato de ficar muito lá fora, não tinha muito tempo de lançar disco no Brasil. E como também não tinha gravadora, não precisava fazer sucesso. Pra mim, estava muito bom, pois conheci novas culturas. Mas, claro, esse disco foi tipo uma volta ao Brasil. E nunca deixei de fazer letra”, acrescenta.

SANDY & JÚNIOR A vertente letrista de Toninho gira basicamente em torno do amor. “As letras do Brant eram voltadas mais para o cotidiano. O Milton tem um lado forte da negritude. Já eu não sou um cara eclético, só faço canção de amor.” Ele conta, inclusive, que chegou a compor para Sandy & Júnior, quando os irmãos Lima ainda formavam uma dupla.

“Acordei alegre num domingo, comecei a pensar numa música de um menino cantando para uma menina. Liguei para o Xororó falando dela e ele me disse que a dupla estava se separando.
Fiquei meio emotivo com aquilo, achei que a canção era uma forma de eles se unirem de novo, mas o pai falou que não era o momento”, revela Toninho. Canção do sol e da lua acabou sendo registrada mais tarde por ele próprio em parceria com um casal de adolescentes.

No show de hoje, o cantor, compositor, violonista e guitarrista estará acompanhado de Bruno Vellozo (baixo), Neném (bateria), Robertinho Silva (percussão), Lisandro Massa (teclados), Jorge Continentino (saxofone), Pedro Aristides (trombone), Tatá Spalla (guitarra) e os cantores Deuler Andrade e Carla Villar.

O repertório tentará obedecer à cronologia do songbook. “Tenho tendência a fazer show longo. Desta vez não. Vou mostrar o lado das canções e os temas instrumentais sem improviso. Aliás, só eu vou solar numa música ou outra.”

O show terá o primeiro bloco voltado para os anos 1960 e 1970, com o lado canção e formato mais acústico. No segundo, com a banda, Toninho dará vazão à produção instrumental das décadas de 1980 e 1990. A última parte reunirá hits e algumas inéditas, com a participação de toda a banda e convidados.

108 PARTITURAS
>> De Toninho Horta
>> Terra dos Pássaros Editora
>> Lançamento hoje, às 21h, com show no Teatro Bradesco, Rua da Bahia, 2.244, Lourdes, (31) 3516-1360. Ingressos:
R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada). O livro será vendido no local a R$ 100

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