Nó Em Pingo D'Água faz show gratuito na Praça Floriano Peixoto

Grupo de samba se apresenta nesse sábado em BH

por Ângela Faria 23/06/2017 08:00
Steveson George/divulgação
(foto: Steveson George/divulgação)
Você acha que já se cansou de ouvir Pelo telefone, Samba de uma nota só e Último desejo? Prepare-se. Mário Sève (sopros), Rodrigo Lessa (bandolim e violão de aço), Celsinho Silva (percussão) e Rogério Souza (violão) nos revelam surpresas ao interpretar todos esses clássicos em seu novo disco, Sambantologia (Biscoito Fino), cujo repertório será executado ao vivo amanhã à noite, em Belo Horizonte.

Conhecido pela dedicação ao choro, o quarteto dá – literalmente – um “nó em pingo d’água”. Último desejo “aderiu” à bossa nova. Pelo telefone ressurge à la samba-de-roda. E a pérola bossa-novista de Tom Jobim e Newton Mendonça – aquela que zomba dessa gente que fala tanto e não diz nada – ganhou toques do famoso samba Estácio de Sá”.

O grupo instrumental carioca Nó em Pingo D’água, com seus 38 anos de tarimba, dá uma aula de criatividade ao homenagear o centenário do mais brasileiro dos gêneros musicais. O baixista Rômulo Duarte é o convidado do quarteto no CD. No show, o baixo ficará a cargo de Jefferson Lescowich.

Reler clássicos cujas melodias, harmonias e ritmos já se “cristalizaram” no ouvido do público é sempre desafio – e um risco. “A gente tem, de maneira geral, que respeitar a tradição, mas dá para construir novos caminhos. A música popular nos dá essa liberdade – a erudita, não”, afirma o flautista e saxofonista Mário Séve. “Sempre há possibilidades”, reforça. Por mais complicado que seja criar releituras harmônicas para a obra de um Antônio Carlos Jobim, por exemplo, o legado de Tom jamais deixará de oferecer um celeiro de perspectivas.

ÍCONES O repertório vai de 1917 (Pelo telefone, de Donga e Mauro de Almeida) à década de 1960 (O morro não tem vez, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes), evidenciando o samba do Estácio (Se você jurar, de Ismael Silva, Nilton Bastos e Francisco Alves), o samba-canção (Copacabana, de João de Barro e Alberto Ribeiro) e o samba-jazz (Nanã, de Moacir Santos e Mário Telles). Não foi fácil resumir a “sambantologia” a apenas nove faixas – o recorte, explica Sève, destacou alguns ícones do gênero. Ficaram de fora o samba-enredo, o samba de quadra e o samba de terreiro, mas o grupo cogita gravar o segundo volume do álbum.

Amanhã à noite, quem for à Praça Floriano Peixoto vai ouvir também composições de Jacob do Bandolim, a quem o Nó de Pingo d’Água dedicou um disco em 1990, e composições de Séve, Rogério Souza e Rodrigo Lessa. “O público de BH é maravilhoso, a cidade tem tradição de música boa. A música brasileira deve muito a Belo Horizonte”, diz o flautista, elogiando o Clube da Esquina e os sambas de Toninho Horta.

AQUARELA Parceiro e amigo do belo-horizontino Nelson Ângelo e do uberabense Cacaso (1944-1987), Sève não descarta a possibilidade de um outro mineiro, Ary Barroso (que não entrou em Sambantologia), integrar o repertório da noite. Recentemente, o Nó apresentou um novo arranjo para Aquarela do Brasil em show com Paulinho Moska e Marcos Sacramento.

Todo orgulhoso, o flautista carioca destaca que a abertura ficará por conta do Assanhado Quarteto, cujo primeiro CD, Feira, foi produzido por ele. O grupo é integrado pelos jovens chorões mineiros Rodrigo Henriger (vibrafone, bateria e percussão), Lucas Ladeia (cavaquinho), André Milagres (violão sete cordas e guitarra) e Rodrigo Magalhães (baixo acústico e elétrico).

NÓ EM PINGO D’ÁGUA
Lançamento do disco Sambantologia. Convidado: Jefferson Lescowich. Abertura: Assanhado Quarteto. Sábado (24/6), a partir das 19h30. Praça Floriano Peixoto, Santa Efigênia. Entrada franca.

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