Conhecido pela dedicação ao choro, o quarteto dá – literalmente – um “nó em pingo d’água”. Último desejo “aderiu” à bossa nova. Pelo telefone ressurge à la samba-de-roda. E a pérola bossa-novista de Tom Jobim e Newton Mendonça – aquela que zomba dessa gente que fala tanto e não diz nada – ganhou toques do famoso samba Estácio de Sá”.
Reler clássicos cujas melodias, harmonias e ritmos já se “cristalizaram” no ouvido do público é sempre desafio – e um risco. “A gente tem, de maneira geral, que respeitar a tradição, mas dá para construir novos caminhos.
ÍCONES O repertório vai de 1917 (Pelo telefone, de Donga e Mauro de Almeida) à década de 1960 (O morro não tem vez, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes), evidenciando o samba do Estácio (Se você jurar, de Ismael Silva, Nilton Bastos e Francisco Alves), o samba-canção (Copacabana, de João de Barro e Alberto Ribeiro) e o samba-jazz (Nanã, de Moacir Santos e Mário Telles). Não foi fácil resumir a “sambantologia” a apenas nove faixas – o recorte, explica Sève, destacou alguns ícones do gênero. Ficaram de fora o samba-enredo, o samba de quadra e o samba de terreiro, mas o grupo cogita gravar o segundo volume do álbum.
Amanhã à noite, quem for à Praça Floriano Peixoto vai ouvir também composições de Jacob do Bandolim, a quem o Nó de Pingo d’Água dedicou um disco em 1990, e composições de Séve, Rogério Souza e Rodrigo Lessa. “O público de BH é maravilhoso, a cidade tem tradição de música boa. A música brasileira deve muito a Belo Horizonte”, diz o flautista, elogiando o Clube da Esquina e os sambas de Toninho Horta.
AQUARELA Parceiro e amigo do belo-horizontino Nelson Ângelo e do uberabense Cacaso (1944-1987), Sève não descarta a possibilidade de um outro mineiro, Ary Barroso (que não entrou em Sambantologia), integrar o repertório da noite. Recentemente, o Nó apresentou um novo arranjo para Aquarela do Brasil em show com Paulinho Moska e Marcos Sacramento.
Todo orgulhoso, o flautista carioca destaca que a abertura ficará por conta do Assanhado Quarteto, cujo primeiro CD, Feira, foi produzido por ele. O grupo é integrado pelos jovens chorões mineiros Rodrigo Henriger (vibrafone, bateria e percussão), Lucas Ladeia (cavaquinho), André Milagres (violão sete cordas e guitarra) e Rodrigo Magalhães (baixo acústico e elétrico).
NÓ EM PINGO D’ÁGUA
Lançamento do disco Sambantologia. Convidado: Jefferson Lescowich. Abertura: Assanhado Quarteto. Sábado (24/6), a partir das 19h30. Praça Floriano Peixoto, Santa Efigênia.