Mineira de Caratinga, a pianista Simone Leitão se apresenta em casas importantes do Brasil, Estados Unidos e Europa. Simone desembarca em Belo Horizonte para apresentar o CD gravado no segundo semestre do ano passado na Noruega. Parte do projeto Concertos do Teatro Bradesco, em parceria com o Minas Tênis Clube, o recital será realizado hoje (20), às 20h30.
No programa, a Partita nº 2, de Bach, Une barque sur l’ocean, de Ravel, Chacone em ré menor, de Johann Sebastian Bach e Ferruccio Busoni e Piano sonata nº 1, do argentino Alberto Ginastera. “Estou muito contente de estar em Belo Horizonte. Por onde vou, falo do meu amor pelas alterosas e pelo povo de Minas Gerais. No entanto, toco pouco aqui. Gostaria de me apresentar mais.”
Simone explica que o carro-chefe do recital é a Partita nº 2, de Bach, um de seus compositores preferidos e autor das composições às quais se dedica no CD. “Aprendi a tocar Bach na infância, em Caratinga, quando tinha 8 anos.”
A pianista revela o projeto de gravar CDs com grandes compositores a cada dois anos até 2023. Entre os escolhidos para serem interpretados por ela estão Heitor Villa Lobos (1887-1959), Ludwig van Beethoven (1770-1827), Maurice Ravel (1875-1937). “Gostaria que fosse possível gravar um compositor por ano, mas é um repertório que requer maturidade, portanto preciso de mais tempo entre um e outro”, afirma.
Simone fez doutorado em piano, performance e história da música na Universidade de Miami, onde, posteriormente, integrou o corpo docente. Uma das mais atuantes pianistas brasileiras do presente, realiza recitais anuais no Carnegie Hall, em Nova York, na Sala São Paulo e na Sala Cecília Meireles. Acaba de participar da 56ª Temporada de Música de Câmara de Pistoia, um tradicional festival na Toscana. Já tem prevista turnê na Itália, Dinamarca, Rússia e Inglaterra. “A carreira de pianista é algo difícil de planejar. A minha ocorreu de forma natural e orgânica”, afirma.
A pianista é criadora e diretora artística da Semana Internacional de Música de Câmara do Rio de Janeiro, único festival da categoria no Brasil, e da Academia Jovem Concertante, orquestra jovem itinerante, que viaja o Brasil descobrindo talentos e impulsionando jovens músicos no mercado de trabalho.“Resolvi voltar ao Brasil para criar o festival de música de câmara no Rio de Janeiro.”
Simone diz que a música clássica por natureza é mais distante do grande público. No entanto, considera ser um mito a ideia de que brasileiros não gostam de música clássica. “O brasileiro sempre foi ‘pianólatra’, uma palavra que inventei para dizer o quanto gostam do piano”, brinca. Mas reconhece que é um instrumento que as pessoas têm menos acesso em comparação a outros de uma orquestra, como o violino, flauta ou violoncelo, por exemplo.
O contato maior com esses instrumentos, como ela pontua, dá-se pelo fato de serem mais versáteis do que o piano, que, ademais, é caro para ser adquirido. Em sua avaliação, é preciso investir em programas para a realização de recitais dedicados ao piano. Segundo ela, no Brasil, há momentos de maior furor e outros de recolhimento. “Os brasileiros são abertos a todos os gêneros. Tivemos momento de estabilidade, um ciclo de riqueza e bonança, em que foram realizados muitos projetos de integração social por meio da prática da orquestra”, diz.
Concertos Teatro Bradesco
Simone Leitão, piano. Hoje (20), às 20h30 no Teatro Bradesco (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos: R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia). Vendas na bilheteria do teatro ou pelo site www.compreingressos.com.