Surgida no fim dos anos 1950, a bossa nova vem encantando várias gerações com influências do samba, do jazz, do choro e do blues. “Em 2018, a bossa nova vai virar sessentona. E olha que muita gente achava que ela nem iria durar. O mais bacana é que tem muita gente aí fazendo show, na estrada. Só não faz quem já morreu (risos). É uma maravilha”, diz a cantora Wanda Sá, pioneira do gênero. Sexta-feira, ela vai se apresentar em BH ao lado de Roberto Menescal, Marcos Valle, Leila Pinheiro e MPB-4. O show terá participação especial da cantora Patrícia Alvi.
Amanhã, chega a BH um espetáculo dedicado a Vinicius de Moraes, um dos “pais” da bossa nova. Dirigido por Fernando Cardoso, o musical É melhor ser alegre que ser triste remete ao verso de Samba da bênção, parceria do Poetinha com Baden Powell.
Em fevereiro, Bossa nova in concert chegou a reunir três mil pessoas em Brasília. “Um vai passando o bastão para o outro no palco. Subo, toco sozinho, aí chamo a Leila, que depois chama a Wanda e por aí vai. No final, é uma grande celebração entre amigos”, destaca Roberto Menescal.
O repertório traz canções que se tornaram clássicas depois do lançamento do compacto gravado por João Gilberto, em 1958, com as faixas Bim bom, de autoria do baiano, e Chega de saudade, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. “Acredito que vou fazer Bye, bye, Brasil (Menescal e Chico Buarque) com a Leila Pinheiro e certamente O barquinho (parceria dele com Ronaldo Bôscoli). É a que mais me pedem. Já tentei não tocar, mas não tem jeito. O Frank Sinatra costumava dizer que já começava o show cantando Strangers in the night pois com certeza iam pedir”, brinca Menescal.
Menescal diz que o segredo de a bossa nova ainda fazer sucesso depois de tanto tempo está na batida e na harmonia. Ressaltando que ela nunca foi um ritmo popularesco e de multidões, ele observa que, vez por outra, ocorrem surpresas. “Isso acontece muito fora do Brasil, principalmente. A bossa está presente no mundo todo. Certa vez, fui à Dinamarca fazer um show com o pessoal do Bossacucanova (grupo que mescla o gênero com eletrônica criado por seu filho, Márcio Menescal). Eram 250 mil pessoas na plateia. E tinha a garotada dançando. É uma loucura tanto na Rússia, no Japão e nos Estados Unidos quanto em lugares que a gente nem imagina, como Austrália e Cingapura”, revela.
ENERGIA
A cantora Jane Duboc compara o musical É melhor ser alegre que ser triste a um bálsamo. “Tem uma energia incrível, tanto a gente quanto quem assiste sente a leveza, o contentamento. Não é muito melhor ser alegre do que ser triste?”, diz. A cantora Célia e o ator Juan Alba também integram o elenco.
A montagem, que estreou em 2014 com Luís Carlos Miele (1938-2015), reúne causos, histórias e a poesia de Vinicius de Moraes. “O repertório faz parte da vida de muitas pessoas. A gente vai entrando no universo dele e fica ainda mais apaixonada por sua obra. Vinicius é uma figura que vamos reverenciar eternamente. Um ser raro e especial”, destaca Jane Duboc.
RENOVAÇÃO
Wanda Sá diz que a bossa nova conseguiu reunir, num mesmo momento, artistas de primeira. “Foi um marco. Juntou a letra do Vinicius com a melodia do Jobim e a batidinha do João Gilberto. Influenciada pelo jazz e pelo samba, ela foi adotada por lugares inimagináveis. No Japão, tem meninas de 17 e 18 anos que aprendem a tocá-la e a cantá-la. É fantástico. Durante um tempo, até achei que fazia mais sucesso lá fora do que no Brasil. Mas isso está mudando. Nos shows por aqui, a gente vê uma moçada também”, comemora a cantora, prestes a lançar disco que celebra os 60 anos da parceria de Tom e Vinicius.
“Fiz esse projeto com o Mauro Senise e o Gilson Peranzzetta, tem arranjos bem modernos. Há muita coisa ainda a ser revista, sempre tem um jeito de fazer algo diferente. A bossa se renova sozinha, mesmo sem muita gente criando canções novas. Meus filhos brincam que eu deveria cantar outras coisas Mas é o que sei fazer. Sou cantora de bossa nova”, destaca.
Roberto Menescal diz que uma das características do estilo, focado nas harmonias, é se autorrenovar. “Quando criei O barquinho, em 1961, ele era um barco com motor a mil, superpotente. Hoje, é mais tranquilo, um barquinho a vela (risos). A música vai se transformando ao longo do tempo. A bossa é assim: um banquinho, um violão. É mais melódica e a gente sempre inova nos arranjos, nas harmonias. A bossa nova está mais viva do que nunca”, defende.
É melhor ser alegre que ser triste aposta no vigor dos clássicos. Com direção musical de Ogair Júnior, traz no repertório Eu sei que vou te amar, Chega de saudade e Pra que chorar, além de poemas de Vinicius de Moraes interpretados por Juan Alba, como Soneto da separação.
Música e poesia vêm acompanhadas de fragmentos de histórias do “branco mais preto do Brasil” e seus parceiros Tom Jobim, Baden Powell, Carlos Lyra, Adoniran Barbosa e Toquinho. “Um dos pontos bacanas são os bastidores e as curiosidades que muita gente desconhece, como a primeira versão de Aquarela (parceria de Vinicus com Toquinho). É uma singela e bela homenagem”, conclui Jane Duboc.
MENESCAL OITENTÃO
Se a bossa nova está ficando sessentona, Roberto Menescal (foto) completa 80 anos em outubro. O oitentão terá agenda intensa até o fim do ano. São vários planos: documentário, filme, biografia, discos (um em homenagem aos Beatles, outro com Abel Silva) e projeto com Leila Pinheiro e Rodrigo Santos (do Barão Vermelho) mesclando Cazuza e bossa nova. Sem contar apresentações com Andy Summers (ex-Police) e uma série de shows, em setembro, nos CCBBs do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte. “Tem mais coisa, mas se for elencar tudo, vamos ficar aqui até o Natal falando (risos). Festa não quero. A minha última festa de aniversário foi aos 15 anos. A melhor maneira de celebrar a vida é fazer o que a gente gosta. No meu caso, é estar no palco”.
É MELHOR SER ALEGRE QUE SER TRISTE
Amanhã e sexta-feira, às 21h. Cine Theatro Brasil Vallourec, Praça Sete, Centro, (31) 3201-5211. Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia). Informações: www.cinetheatrobrasil.com.br
BOSSA NOVA IN CONCERT
Sexta-feira, às 21h. Palácio das Artes, Av. Afonso Pena, 1.537, Centro. (31) 3236-7400. Plateia 1: R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia). Plateia 2: R$ 180 (inteira) e R$ 90 (meia). Plateia superior: R$ 160 (inteira) e R$ 80 (meia). Vendas on-line: ingressorapido.com.br
Amanhã, chega a BH um espetáculo dedicado a Vinicius de Moraes, um dos “pais” da bossa nova. Dirigido por Fernando Cardoso, o musical É melhor ser alegre que ser triste remete ao verso de Samba da bênção, parceria do Poetinha com Baden Powell.
Em fevereiro, Bossa nova in concert chegou a reunir três mil pessoas em Brasília. “Um vai passando o bastão para o outro no palco. Subo, toco sozinho, aí chamo a Leila, que depois chama a Wanda e por aí vai. No final, é uma grande celebração entre amigos”, destaca Roberto Menescal.
O repertório traz canções que se tornaram clássicas depois do lançamento do compacto gravado por João Gilberto, em 1958, com as faixas Bim bom, de autoria do baiano, e Chega de saudade, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. “Acredito que vou fazer Bye, bye, Brasil (Menescal e Chico Buarque) com a Leila Pinheiro e certamente O barquinho (parceria dele com Ronaldo Bôscoli). É a que mais me pedem. Já tentei não tocar, mas não tem jeito. O Frank Sinatra costumava dizer que já começava o show cantando Strangers in the night pois com certeza iam pedir”, brinca Menescal.
Menescal diz que o segredo de a bossa nova ainda fazer sucesso depois de tanto tempo está na batida e na harmonia. Ressaltando que ela nunca foi um ritmo popularesco e de multidões, ele observa que, vez por outra, ocorrem surpresas. “Isso acontece muito fora do Brasil, principalmente. A bossa está presente no mundo todo. Certa vez, fui à Dinamarca fazer um show com o pessoal do Bossacucanova (grupo que mescla o gênero com eletrônica criado por seu filho, Márcio Menescal). Eram 250 mil pessoas na plateia. E tinha a garotada dançando. É uma loucura tanto na Rússia, no Japão e nos Estados Unidos quanto em lugares que a gente nem imagina, como Austrália e Cingapura”, revela.
ENERGIA
A cantora Jane Duboc compara o musical É melhor ser alegre que ser triste a um bálsamo. “Tem uma energia incrível, tanto a gente quanto quem assiste sente a leveza, o contentamento. Não é muito melhor ser alegre do que ser triste?”, diz. A cantora Célia e o ator Juan Alba também integram o elenco.
A montagem, que estreou em 2014 com Luís Carlos Miele (1938-2015), reúne causos, histórias e a poesia de Vinicius de Moraes. “O repertório faz parte da vida de muitas pessoas. A gente vai entrando no universo dele e fica ainda mais apaixonada por sua obra. Vinicius é uma figura que vamos reverenciar eternamente. Um ser raro e especial”, destaca Jane Duboc.
RENOVAÇÃO
Wanda Sá diz que a bossa nova conseguiu reunir, num mesmo momento, artistas de primeira. “Foi um marco. Juntou a letra do Vinicius com a melodia do Jobim e a batidinha do João Gilberto. Influenciada pelo jazz e pelo samba, ela foi adotada por lugares inimagináveis. No Japão, tem meninas de 17 e 18 anos que aprendem a tocá-la e a cantá-la. É fantástico. Durante um tempo, até achei que fazia mais sucesso lá fora do que no Brasil. Mas isso está mudando. Nos shows por aqui, a gente vê uma moçada também”, comemora a cantora, prestes a lançar disco que celebra os 60 anos da parceria de Tom e Vinicius.
“Fiz esse projeto com o Mauro Senise e o Gilson Peranzzetta, tem arranjos bem modernos. Há muita coisa ainda a ser revista, sempre tem um jeito de fazer algo diferente. A bossa se renova sozinha, mesmo sem muita gente criando canções novas. Meus filhos brincam que eu deveria cantar outras coisas Mas é o que sei fazer. Sou cantora de bossa nova”, destaca.
Roberto Menescal diz que uma das características do estilo, focado nas harmonias, é se autorrenovar. “Quando criei O barquinho, em 1961, ele era um barco com motor a mil, superpotente. Hoje, é mais tranquilo, um barquinho a vela (risos). A música vai se transformando ao longo do tempo. A bossa é assim: um banquinho, um violão. É mais melódica e a gente sempre inova nos arranjos, nas harmonias. A bossa nova está mais viva do que nunca”, defende.
saiba mais
Pianista Antonio Adolfo lança álbum com releituras de Wayne Shorter
Orquestra Sesiminas celebra milésimo concerto do maestro Marco Antônio Maia
Billboard divulga lista das 50 melhores músicas de 2017
Edição em dois volumes reúne a obra completa de Vinicius de Moraes
Jaloo exibe sua verve autoral em show na capital
Música e poesia vêm acompanhadas de fragmentos de histórias do “branco mais preto do Brasil” e seus parceiros Tom Jobim, Baden Powell, Carlos Lyra, Adoniran Barbosa e Toquinho. “Um dos pontos bacanas são os bastidores e as curiosidades que muita gente desconhece, como a primeira versão de Aquarela (parceria de Vinicus com Toquinho). É uma singela e bela homenagem”, conclui Jane Duboc.
MENESCAL OITENTÃO
Se a bossa nova está ficando sessentona, Roberto Menescal (foto) completa 80 anos em outubro. O oitentão terá agenda intensa até o fim do ano. São vários planos: documentário, filme, biografia, discos (um em homenagem aos Beatles, outro com Abel Silva) e projeto com Leila Pinheiro e Rodrigo Santos (do Barão Vermelho) mesclando Cazuza e bossa nova. Sem contar apresentações com Andy Summers (ex-Police) e uma série de shows, em setembro, nos CCBBs do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte. “Tem mais coisa, mas se for elencar tudo, vamos ficar aqui até o Natal falando (risos). Festa não quero. A minha última festa de aniversário foi aos 15 anos. A melhor maneira de celebrar a vida é fazer o que a gente gosta. No meu caso, é estar no palco”.
É MELHOR SER ALEGRE QUE SER TRISTE
Amanhã e sexta-feira, às 21h. Cine Theatro Brasil Vallourec, Praça Sete, Centro, (31) 3201-5211. Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia). Informações: www.cinetheatrobrasil.com.br
BOSSA NOVA IN CONCERT
Sexta-feira, às 21h. Palácio das Artes, Av. Afonso Pena, 1.537, Centro. (31) 3236-7400. Plateia 1: R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia). Plateia 2: R$ 180 (inteira) e R$ 90 (meia). Plateia superior: R$ 160 (inteira) e R$ 80 (meia). Vendas on-line: ingressorapido.com.br