A voz de contratenor de Edson Cordeiro lhe permite ser muitos. Depois de estourar, na década de 1990, misturando ousadamente Mozart e Rolling Stones, Chico Buarque com Luiz Gonzaga, o cantor agora é do fado. O estilo musical português, que dá nome a seu mais recente álbum, é a base do show que ele faz nesta sexta-feira, 02, no Teatro Bradesco.
A apresentação integra o projeto Uma voz, um instrumento, que traz a BH um intérprete para fazer espetáculo intimista. Em turnê pelo Brasil com Fado tropical, Cordeiro estará acompanhado de Wallace Oliveira (guitarra portuguesa) e Sérgio Borges (violão). Esses dois instrumentistas brasileiros se especializaram em fado.
Cordeiro, que completou 50 anos em fevereiro, vive há uma década na Alemanha (mora em Lübeck, no Norte daquele país). Admite conhecer o fado há muitos anos – ''ouvia Amália Rodrigues ainda criança'' –, mas a decisão de se dedicar ao estilo veio a partir de uma turnê por Portugal, no fim da década passada.
''Como sou visitante, não caberia a mim recriar o fado ou mostrar uma nova direção. Reproduzo os clássicos, as músicas que me fizeram gostar dele com os recursos vocais que tenho'', comenta. O álbum foi gravado entre o Porto e Berlim.
São 13 faixas, boa parte delas registrada por Amália Rodrigues.
JOGO
Além do repertório lusitano, Cordeiro vai incluir canções de outras fases da carreira. ''É um jogo, como uma mudança de roupa. Coração vagabundo (Caetano Veloso) e Lovesong (The Cure) ganharam sonoridade mais portuguesa'', explica.
Revelado há 30 anos como o cantor de cabelos cacheados e compridos, hoje Edson exibe uma lustrosa careca. ''Venho mudando de pele e de visual, como todo mundo. As pessoas te congelam numa foto e levam um susto quando te veem depois. Venho mudando há muito tempo, pois aceito o tempo confortavelmente e me adapto a ele.''
Fado tropical
Sexta-feira, 02, às 21h, no Teatro Bradesco, Rua da Bahia, 2.244, Lourdes, (31) 3516-1360. Ingressos: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia-entrada).