O primeiro instrumento do músico carioca Cristovão Bastos foi um acordeom, que ele começou a estudar ainda menino – chegou a fazer o curso completo. Aos 13 anos, já tocava em bailes. Só foi aprender piano, que acabou se tornando seu instrumento definitivo, aos 17. ''Apesar de terem coisas semelhantes, os dois são completamente diferentes. O piano é um instrumento de percussão, enquanto o acordeom é de sopro e exige muito mais fisicamente. Toco eventualmente, mas sou mesmo é pianista'', assegura.
Neste sábado, 27, Cristovão fará show na capital mineira para comemorar seus 70 anos, completados em dezembro. ''Os 70 apenas começaram, e não há melhor maneira de celebrar do que fazer o que gosto: estar no palco'', destaca. O projeto BH Instrumental tem entrada franca.
Ele compôs vários clássicos da MPB: Todo sentimento (parceria com Chico Buarque), Um choro pro Waldir (com o amigo Paulinho da Viola) e Raios de luz (com Abel Silva, gravada por Simone e parte da trilha da novela De corpo e alma), além de Suave veneno e Resposta ao tempo (com Aldir Blanc). Essa última, tema da minissérie Hilda Furacão, ficou eternizada na voz de Nana Caymmi. ''Certa vez, deram o crédito dessa música para a Nana. Achei até engraçado. Às vezes, as pessoas dão muito mais valor ao intérprete do que ao próprio compositor'', observa.
Com poucos discos no currículo – o primeiro álbum solo, Avenida Brasil, foi lançado em 1997, quando ele completou três décadas de trajetória –, Cristovão credita a ''escassez'' ao fato de ter sido arranjador de vários trabalhos de colegas – de Nelson Gonçalves a Edu Lobo.
''Trabalhei com todo mundo, praticamente. Por isso não fiz quase nada sozinho. Pode ser que a turnê comemorativa até resulte num CD, apesar de eu não sentir essa obrigatoriedade'', diz.
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AMIZADE
Cristovão se orgulha de contribuir para a trajetória de tanta gente interessante e importante para a cultura brasileira. ''O que vale são as amizades, fazer parte do universo que engloba Chico Buarque, Paulinho da Viola, Milton Nascimento, Paulo César Pinheiro, Emílio Santiago, que infelizmente não está mais entre nós, e de Angela Maria , entre tantos outros'', celebra.
O compositor e pianista subirá ao palco acompanhado por Jamil Joanes (baixo), Márcio Bahia (bateria) e Aquiles Moraes (trompete). O show terá a participação especial do acordeonista mineiro Célio Balona. A abertura ficará a cargo do Gustavo Figueiredo Trio, cujo repertório traz influências do jazz e da música brasileira e latina.
BH INSTRUMENTAL
Com Cristovão Bastos. Abertura: Gustavo Figueiredo Trio. Participação de Célio Balona. Amanhã, às 19h30. Praça Floriano Peixoto, Santa Efigênia. Entrada franca.