Em meados de 2002, eu e um grupo de colegas jornalistas que tinham acabado de se formar, fomos fazer uma prova em São Paulo para tentar uma vaga em um jornal paulista.
Por sorte, na época, estava tendo uma promoção de uma companhia área e então conseguimos comprar as passagens a um preço bem camarada. A prova era no domingo e embarcamos no sábado. Eu me lembro direitinho que o dia estava bastante ensolarado em Confins e, logo no embarque, um amigo comentou: "Olha quem vai viajar conosco?".
Na hora não liguei o nome à pessoa, mas quando reparei no bigode, sua marca inconfundível, não tive dúvidas. Era aquele "rapaz latino-americano sem dinheiro no banco e sem parentes importantes, vindo do interior".
Com Belchior como passageiro ao meu lado, não teve como a gente não lembrar de uma de suas músicas mais famosas: Medo de avião. E não é que quase que a gente segue à risca a composição. O ceú de brigadeiro em BH se transfomou em um céu de tempestades na chegada no aeroporto de Congonhas, em Sampa. Muita chuva, turbulência.
Só faltou o gole de conhaque... como sugere a letra.
Chegamos sãos e salvos e, assim que desembarcamos, meus colegas foram lá pedir um autógrafo a Belchior, até porque na época, nem existia essa moda de selfies. Preferi não tietar, mas pelo menos me diverti com essa viagem inusitada.
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