Maior festival dedicado à surf music do país começa nesta sexta em BH

16ª edição do Primeiro Campeonato Mineiro de Surfe privilegia novas bandas e amplia espaço às mulheres

por Pedro Galvão 28/04/2017 08:00

Paulo Tik/Divulgaçãos
Banda Wood Surfers, de Londrina-PR, é um dos destaques na programação (foto: Paulo Tik/Divulgaçãos)
Entre todas as tentativas que a imaginação mineira permite para suprir a ausência do mar, uma delas acontece anualmente por meio do rock. Hoje, começa a 16ª edição do Primeiro Campeonato Mineiro de Surfe, festival que se tornou o principal do país no estilo consagrado por nomes como Dick Dale e Beach Boys nas décadas de 1950 e 1960, ganhando notoriedade nos filmes de Quentin Tarantino nos anos 1990. Serão três noites de intensas ondas sonoras no palco d’A Obra, na Savassi.

Historicamente caracterizado pelo clima de festa e descontração, e também pela reunião de artistas independentes de várias partes do país, o evento costuma reunir representantes de diferentes vertentes da surf music e até grupos de outros estilos. Tanto os adeptos de versões mais clássicas do formato, como quem faz um som mais pesado têm vez. Neste ano, serão nove bandas de sete estados, a maioria delas tocando no festival pela primeira vez.

Quem abre os trabalhos, dando as honras da casa aos forasteiros, são os Light Strucks, de Uberlândia, única banda de Minas Gerais, além do Reverb All Stars, na programação. A noite ainda terá The Pulltones, de Leme, São Paulo, e Os Gatunos, brasilienses que costumam tocar fantasiados como o nome sugere. As indumentárias peculiares usadas por músicos e público também são marca registrada do evento. Na noite de hoje, quem for de máscara ganha um drinque por conta da casa.

Embora tenha se formado há apenas dois anos, tempo suficiente para lançar dois álbuns, o grupo paulista garante agradar quem prefere ouvir um surf mais clássico. “Tentamos usar várias referências aos ícones do estilo, usamos os efeitos tradicionais na guitarra como o delay e o vibrato, por isso, embora tenha um peso a mais em uma música ou outro, somos uma banda de surf clássico”, define o guitarrista Lucas Schneider, que apresentará o novo trabalho Storm fisherman ao público de BH.

No dia seguinte será a vez dos paranaenses do Wood Surfers. Ainda em processo de gravação do primeiro disco, eles misturam as influências de Dick Dale e Los Straitjackets ao ska jamaicano. “Além do ska, também temos algumas músicas com uma pegada de blues e jazz, a gente gosta de misturar”, conta a baixista Isis Carolina. A londrinense é uma das representantes femininas no palco do festival. A participação das mulheres é uma das questões mais importantes para a produção nesta edição, que inclusive é comandada por uma.

Rockabilly “Estamos valorizando a presença da mulher em várias áreas do festival, eu mesma já sofri e venho sofrendo bastante preconceito por parte de alguns caras no meio, mas vamos ter a DJ Fernanda Casbah Club, a Isis Karolina, além da Talita Cordeiro, que colaborou na produção e é uma das baixistas da Reverb All-Stars, assim como a Déia Marinho, que também vai tocar baixo no Reverb. Estamos conversando com os músicos para todos estarem atentos dentro d’A Obra para evitar qualquer tipo de assédio”, revela Fernanda Coronado, à frente da produtora Tiki and Boom, que realiza o campeonato.

A noite de sábado ainda terá os Beach Combers, do Rio de Janeiro, e The Zeebra’s, mais recente projeto do baiano Morotó Slim, ex-integrante do Retrofoguetes, um dos ícones nacionais no estilo. Em vez do surf, o repertório se dedica ao rockabilly de Elvis e Stray Cats. Veterano de outros cinco campeonatos, ele ainda apresentará The Morotó Slim-Twins Orchestra no domingo. A banda é uma reunião do guitarrista com outros músicos, para apresentar releituras de clássicos da surf music e composições próprias, todas com a presença da guitarra baiana, típica de Dodô e Osmar.

Mais uma vez presentes, o soteropolitano enaltece a importância do evento em nível nacional. “As pessoas de fora sempre estranham o festival em BH, perguntam se é na Lagoa da Pampulha e eu respondo: ‘não, meu irmão, você não sabe de nada!’ BH sempre ditou a importância da surf music para o Brasil, tanto pelas casas, pessoas, quanto pelas bandas. A gente sempre espera ser convidado para esse festival até para encontrar bandas de outros lugares. Tenho amigos de mais de 20 anos aí. Não sei se a surf music no Brasil seria a mesma coisa se não fosse o Primeiro Campeonato Mineiro de Surfe”, afirma.

Na última noite, véspera de feriado, ainda se apresentam os pernambucanos do The Raulis e a seleção do Reverb All Stars, que reúne integrantes e ex-integrantes de várias bandas da cena surf brasileira para reproduzir os principais hits do estilo, como Misirlou (Dick Dale), Apache (The Shadows) ou Walk don’t run (The Ventures). Com exceção feita a eles e aos Beach Combers, todas as bandas desta edição foram formadas nos últimos cinco anos e se apresentam pela primeira vez no Primeiro Campeonato Mineiro de Surfe.

“Isso mostra a importância do festival na fomentação cultural desse gênero do rock instrumental pela vertente da surf music, o campeonato tem se colocado ainda, nos últimos dois anos, no papel de vitrine para todo o tipo de arte que envolve a temática anos 1950 e 1960. Valorizamos a trabalho e os artistas das capas dos discos, dos cartazes e da fotografia”, explica Fernanda Coronado, lembrando que, no ano passado, para celebrar os 15 anos de evento, foram escaladas bandas mais antigas, com alguma história no festival, ao contrário do que foi feito nesta edição.

Outra novidade serão os shows começando pontualmente às 21h e terminando antes da meia-noite. O motivo, de acordo com a produção e os responsáveis pela casa, é dar mais espaço para a festa e discotecagem madrugada adentro e não incomodar a vizinhança com o barulho dos instrumentos.

16º PRIMEIRO CAMPEONATO MINEIRO DE SURFE

De hoje a domingo, n’A Obra (Rua Rio Grande do Norte, 1.168, Funcionários, (31) 3261-9431), a partir das 20h. Ingressos: R$ 25 e R$ 30, à venda neste link

Classificação: 18 anos


TIRANDO ONDA
Confira a programação:


Hoje (28/4)
21hs: Light Strucks (MG)
22hs: The Pulltones (SP)
23hs: Os Gatunos (DF)
DJs: DJ Venus in Fury, DJ Discosatânica e DJ Gil Radiola

Amanhã (29/4)
21hs: Wood Surfers (PR)
22hs: Thee Zeebra’s (BA)
23hs: Beach Combers (RJ)
DJs: Claudão Pilha e Carlão Brando, Fernanda Casbah

Domingo (30/4)
21hs: The Raulis (PE)
22hs: Reverb All-Stars (MG)
23hs: Morotó Slim-Twins Orchestra (BA)
DJs: DJ Marcelimelda e Capitão Insano

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