Rappers, grafiteiros, dançarino e DJs criaram nos anos 1970 o hip-hop no então deprimido Bronx de Nova York. Agora, esse bairro em plena transformação espera capitalizar a herança para melhorar sua imagem.
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Mais de 40 anos depois, a indústria transformou o hip-hop em um mercado de milhões de dólares, mas longe de seu berço. Agora, autoridades e artistas locais desejam retomar o controle desSe legado, com o objetivo de valorizar um bairro relegado de Nova York, longe do glamour de Manhattan e do Brooklyn, dominado por hipsters.
A prefeitura do Bronx começou a recuperar vários lugares emblemáticos, como o Cedar Playground, um espaço infantil que foi utilizado para as primeiras festas noturnas de hip hop ao ar livre, e o Bronx River Community Center, o centro comunitário onde o pioneiro DJ Afrika Bambaataa fez sua estreia, nos anos 1980.
THE GET DOWN A Netflix também chegou à região, onde filmou a série sobre as origens do hip-hop, The get down, que teve a primeira parte lançada em agosto do ano passado. Mas existem outros projetos estagnados, como o museu do hip-hop, que frequentemente é comentado, mas nunca concretizado.
Líder durante muitos anos do conceito do Universal Hip-Hop Museum, o empresário e ex-produtor Rocky Bucano decidiu por uma associação com um investidor para dar impulso ao projeto. O plano agora inclui a ideia de incorporar o museu a um conjunto de vários hectares às margens do Rio Harlem, que separa o Bronx do Harlem, com residências, lojas e espaços verdes.
Rocky Bucano afirma que recebeu apoio de vários legisladores municipais e do estado de Nova York. Se o pedido for aceito pelo governo municipal, o empresário pretende procurar “as empresas que se beneficiaram da comercialização do hip hop” para que cooperem financeiramente e, inclusive, “alguns artistas que fizeram muito dinheiro com o hip-hop”.
“Com todo o respeito que o rock merece, ver artistas do hip-hop entrando no Hall da Fama do Rock é realmente incômodo”, disse o presidente do condado do Bronx, Rubén Díaz Jr., para quem o novo museu seria como o Hall da Fama do Rap. Para ele, o desafio do museu é claramente atrair investidores e visitantes ao Bronx, já que o bairro permanece, no imaginário coletivo, um local de drogas e crime.
“As pessoas vêm aqui e esperam ver os edifícios em ruínas”, comenta. A má reputação é tamanha que Debra Harris, que organiza há 15 anos passeios guiados por locais emblemáticos do hip-hop, começa o tour no Harlem para suavizar o susto dos turistas.
CRIMINALIDADE Embora continue como o bairro com os maiores índices de violência, ao lado da parte Leste do Brooklyn, o Bronx registrou, assim como outros distritos de Nova York, uma queda expressiva na criminalidade, com quase 17% de homicídios a menos desde 1990.
Os investidores perceberam a mudança e, com os preços cada vez mais inacessíveis em Manhattan ou no Brooklyn, passaram a apostar há alguns anos no Sudeste do Bronx. Eles compreenderam bem o valor agregado que um toque de hip-hop pode dar a uma rua ou edifício.
“Todos esses proprietários nos procuram”, conta BG183, também conhecido como Sotero Ortiz, artista do grafite e um dos fundadores do coletivo Tats Cru. Todos querem seu mural, explica, como o edifício do bairro Hunts Point, que abrigava até recentemente uma fábrica e agora é um edifício de escritórios.
Os integrantes do Tats Cru estão satisfeitos: depois de espalhar sua arte irreverente nas ruas e trens, sempre de forma ilegal, agora conquistaram as galerias e decoram alguns dos mais ambiciosos projetos imobiliários da região.