Clipe sensual de Flávio Renegado provoca polêmica

Fãs acusam o rapper de objetificar a mulher negra em 'Luxo só', música que representa a luxúria no disco 'Outono selvagem'

por Ângela Faria 06/03/2017 15:08

Reprodução/Youtube
Flávio é o homem-objeto quase "devorado" por garotas seminuas no clipe (foto: Reprodução/Youtube)
O mineiro Flávio Renegado mandou para as redes o clipe de Luxo só, parceria com Jana Lourenço, da comunidade do Alto Vera Cruz, na Região Leste de BH. A picardia do funk carioca e o refrão "ai, tá gostozim" marcam a canção, que simboliza a luxúria no disco Outono selvagem, cujas faixas são dedicadas aos pecados capitais. No vídeo, Flávio é o homem-objeto quase "devorado" por garotas seminuas. Vários fãs desaprovaram, criticaram o trabalho e o acusaram de "objetificar a mulher negra".


Janaina Martins protestou, na página do prórprio Renegado no Facebook: "Num mundo onde há total falta de respeito com as mulheres, colocar várias delas expostas realmente vai ajudar alguma coisa. (sic) Colocar mulheres seminuas e um homem como o centro da atenção não ajuda em nada na luta contra o machismo escancarado e demonstrado, muitas vezes, em algumas músicas. Suas músicas eram boas, aí você, não sei por que, resolveu americanizar. Decepção é a palavra pra definir. Melhore! Ainda dá tempo."


Daniela Tiffany postou: "Desnecessário!! Um desserviço com as nossas causas, desrespeito com as nossas lutas!! O lançamento oficial ser no 8 de março é ainda pior. Cara, tudo isso é pra ficar bonito na mídia que supostamente critica?". Ela se refere ao show que o mineiro vai fazer na quarta-feira (8), no Rio de Janeiro, para lançar Outono selvagem, afirmando que o espetáculo "celebra as mulheres".


Porém, o elenco do clipe integra o coletivo Batekoo, que reúne mulheres negras e promove festas em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Uma delas, Amanda Coelho, diz ter gostado de "sensualizar", lembrando que é gorda e mãe de dois filhos. Para ela, Luxo só valoriza a estética da periferia e o empoderamento feminino.


Nesta terça, 6, o rapper postou mensagem no Facebook argumentando que o Batekoo é "um novo e instigante capítulo do movimento negro, que está crescendo em vários estados do Brasil". Explicou que a proposta do clipe é falar de sexo de forma natural, "festejando os corpos como força de liberdade e de ação política, sem moralismos".

 

Para ele, o vídeo não objetifica mulheres. Citando a mãe e a irmã, defende o diálogo e declara: "Não sou o algoz. Eu sou o irmão e filho. Eu sou parte. Eu sou preto e é junto com meu povo que quero estar. Seja lutando contra a desigualdade, seja falando de sexo".

 



 

MAIS SOBRE MÚSICA