O “reflorescimento” do carnaval de Belo Horizonte, como gostam de denominar os integrantes de blocos pioneiros, não apenas levou as pessoas a ocupar as ruas da cidade, que, por muitos anos, ficaram às moscas na festa de Momo. O movimento contribui para o fortalecimento da cena musical autoral, que ganha visibilidade com as marchinhas. Pela primeira vez, será lançado um álbum produzido por um bloco da nova safra carnavalesca autoral. A iniciativa é do Juventude Bronzeada, que desfila na terça-feira de carnaval.
saiba mais
Prefeitura aposta em tecnologia para viabilizar o melhor carnaval da história de BH
Carnaval de BH terá 2,4 milhões de foliões e aplicativo com detalhes de todas as atrações
Conheça os autores das marchinhas que bombam no carnaval de BH
Grafite em BH: o que os artistas pensam sobre o projeto Profeta Gentileza?
Aline Calixto comanda baile de pré-carnaval na Savassi neste sábado
Assim surgiu o álbum Tropical lacrador, que ganhou festa n’Autêntica, há alguns dias.“O processo foi todo colaborativo. Apresentamos a ideia para os regentes, que toparam. Repertório e arranjos foram feitos coletivamente, com a participação de músicos e de pessoas que começaram a tocar no carnaval”, ressalta Boi, que assina a direção musical.
CONCURSO Marcela ressalta o potencial criativo do carnaval de BH, o que pode ser percebido com o Concurso de Marchinhas Mestre Jonas. No entanto, lembra que bandas de vários blocos se apresentam com hits de outros carnavais. “Há algum tempo, temos ouvido que o carnaval tem ‘matado’ a cena autoral da cidade. Atualmente, há a impressão de que as bandas dos blocos, que tocam essencialmente covers, são preferidas nos eventos em vez das bandas autorais”, diz.
A folia revigorada trouxe visibilidade a vários músicos. Isso, acredita Marcela, pode ser o início de produção mais regular de discos autorais ligados ao carnaval. Em 2015, já havia sido lançado o álbum Deita no cimento, que traz hinos de vários blocos.
Tropical lacrador começou a ser gestado em julho do ano passado, quando a proposta foi apresentada aos guitarristas, chefes de naipes do Juventude e demais interessados. Vinte pessoas participaram enviando composições. As melhores foram escolhidas de forma coletiva. As oito faixas são assinadas por Carlos Bolívia, Leopoldina, Pedro Thiago, Priscilla Glenda, Rodrigo “Chapinha” Castriota, Sara Campos e Thales Silva. “O Juventude é conhecido por tocar o axé dos anos 1990, mas resolvemos colocar outros elementos. É bem diverso, temos frevo, carimbó, influência latina. É o axé de montanha”, brinca Marcela.
FESTA Parte dos recursos para a gravação do álbum veio da festa Sonoriza, organizada por cinco blocos para arrecadar dinheiro para o carnaval. Outras ações vêm sendo promovidas para fechar as contas do CD. Tropical lacrador pode ser baixado gratuitamente na página do Juventude Bronzeada no Facebook e está disponível nas plataformas YouTube, Spotify e SoundCloud. O CD é vendido nos ensaios do bloco. Aliás, as pessoas já estão cantando as faixas Sem você, para que um grande amor? e Drink do amor. “Meu desejo é que a onda dos CDs autorais de carnaval pegue”, reforça Rodrigo Boi.
Ouça: