
Quem foi ao cinema nas últimas semanas para assistir a 'La la land – Cantando estações' muito provavelmente saiu da sala com vontade de arriscar alguns passinhos. Com 14 indicações ao Oscar – um recorde, ao lado de A malvada (1950) e Titanic (1997) – o longa dirigido por Damien Chazelle faz uma viagem pela história dos musicais, com referências a clássicos como Vamos dançar? (1937), Dançando na chuva (1952) e Amor, sublime amor (1960) e homenageia astros dos anos de ouro de Hollywood, como Fred Astaire, Ginger Rogers e Gene Kelly.
Embora seja um estilo bastante característico dos Estados Unidos dos anos 1920, as danças de swing jazz – muito presentes em La la land – têm ganhado adeptos no Brasil. Em Belo Horizonte, há pouco mais de 100 dançarinos e nove escolas que se dedicam a ensinar as variações do gênero, como charleston, balboa, shag e lindy hop, a mais difundida.

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Em quatro anos, eles asseguram que aumentaram o interesse do público e visibilidade. “Antes você perguntava de lindy hop, as pessoas não sabiam. Hoje, muita gente já ouviu falar, a dança já é reconhecida em Belo Horizonte”, comemora Leonardo Sampaio, estudante de música e dançarino. Boa parte dos alunos chega ao BeHoppers pelo interesse em cultura vintage e pelo jazz. “Há três anos, vi um filme, mas não sabia que se dançava no Brasil, muito menos em Belo Horizonte. Sempre gostei da estética, das roupas. Mas isso é uma identificação, não é um pré-requisito para começar a dançar”, conta Sofia Filizzola, uma das integrantes do grupo.
JAZZ E CARNAVAL Um dos momentos mais esperados do ano para o BeHoppers é o carnaval. Há três anos, eles se apresentam ao lado do Bloco Magnólia, do maestro Leonardo Brasilino, que leva o jazz tradicional do mardi gras – a terça-feira gorda de New Orleans – às ruas dos bairros Santo André e Caiçara, na região Noroeste da capital. “Estamos habituados a dançar em pisos irregulares, pois dançamos em praças, mas o calor é mais desafiador, um calor de meio-dia. Mas nada se compara à energia de dançar em uma apresentação com músicos ao vivo”, comenta Jéssica Mendes, uma das primeiras integrantes do BeHoppers.
O repertório do Magnólia também traz desafios extras aos dançarinos. Além de standards da era das big bands de Count Baise e Benny Goodman, o grupo adaptou vários clássicos da música brasileira com pegadas de swing. “O jazz abre espaço para improvisações, seja na forma de tocar e dançar. A gente não é conservador, no carnaval vale tudo”, brinca Fabrício. “Sendo jazz pode tocar o que quiser.”
Charleston
A dança, caracterizada pelos movimentos rápidos das mãos cruzando e descruzando sobre os joelhos das mulheres de vestido curto, surgiu nos cabarés de Charleston (Carolina do Sul) nos anos pós-Primeira Guerra Mundial.
Balboa
Como os salões e pistas da região da Califórnia ficavam lotados nos anos 1920, o balboa surgiu com casais dançando mais colados, às vezes em ritmos mais lentos. A dança também é marcada pelos movimentos de pernas, com variações de ritmo e volta.
Lindy Hop
Surgiu no Harlem, em Nova York, na esteira das big bands de swing jazz, nos anos 1920 e 1930. É uma fusão de várias danças, como charleston e o sapateado. Os passos rápidos foram precursores do ritmo frenético dos primórdios do rock’n roll.
Shag
Também pertence ao grupo das swing dances, mas tem características típicas, como o trabalho de pés, com chutes no ar. Geralmente é dançado com músicas mais rápidas. Tem variações de acordo com a origem, como o collegiate, st. louis e carolina.