Registrado no final de 1916 e lançado em fevereiro do ano seguinte, o samba Pelo telefone foi o primeiro gravado na história. Desde o ano passado, a faixa registrada por Ernesto dos Santos, o Donga, e concebida em roda no quintal da baiana Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata, tem ganhado o devido reconhecido.
Oficialmente, é nesta sexta-feira (20/1) a data em que Pelo telefone faz 100 anos de lançamento, justamente para que fosse ouvida durante os festejos de carnaval do período.
Com o mesmo intento, o produtor Luciano Kalatalo, de São Paulo, disponibiliza hoje a coletânea Desde que o samba era samba nas mídias digitais. Ele convidou 10 produtores de música eletrônica para recriarem a icônica canção. A ideia, segundo ele, é repetir o movimento que aconteceu há 100 anos, quando a música rompeu tradições e democratizou a cena festiva.
“O carnaval era uma festa de celebração com muita influência de música estrangeira, e Pelo telefone foi uma das primeiras de periferia que massificou na sociedade brasileira”, relembra o produtor, que escolheu nomes de zonas periféricas de todo o país no processo de seleção. A faixa base usada pelos 10 produtores, com idade entre 17 e 32 anos, foi gravada por Giana Viscardi (voz), João Parahyba (do Trio Mocotó, nas percussões) e Janja Gomes (violão). A direção é de Arthur Joly.
“Não foi criada uma música, mas elementos como voz, percussão e violão, e cada faixa é uma construção inédita desses instrumentos. Eles as produziram apenas com softwares de computador”, conta, reiterando que o fato de a construção ser digital não diminui o esforço necessário para desenvolver as versões.
“Os autores do samba são Donga e Tia Ciata, que era mãe-de-santo, e Mauro de Almeida, jornalista que frequentava as rodas boêmias no Rio
SERVIÇO
Desde que o samba era samba – Pelo telefone revisitado
Gravadora Japuaçu, Selo Solta. 10 faixas, disponível para audição gratuita nas plataformas digitais.
Ouça!...
... e compare com a original, de 1906: