O ator, diretor e dramaturgo, que levou a filha de Martinho da Vila para a televisão – como Tamanco, no seriado Pé na cova – definiu assim a artista e o espírito de seu álbum Mart’nália %2b Misturado, que acaba de ser lançado pela Biscoito Fino: “Ouvindo seu último trabalho, esse Misturado, assim batizado porque é o que é, na calada da noite, chegou-me a resposta de mansinho: Mart’nália canta para o mundo real, aquele que está bem ali, do lado de fora da porta e que sai descalço, de calça curta, senta na mureta e bebe todas (...) Mart’nália é aquilo que canta. Notável, desabrida, louca, livre, ela se mostra como é: misturada, brasileira, engraçada, poética e sempre autêntica em suas escolhas. Divirtam-se”.
Após um projeto literalmente de bambas, o disco ao vivo Mart’nália em samba, a cantora e compositora quis dar uma “acalmada” e voltar-se para si mesma. O repertório contempla oito faixas inéditas e sete regravações e passeia por vários nomes da história da MPB, como Lupicínio Rodrigues (Ela disse-me assim/Loucura), Gilberto Gil (Estrela), Djavan (Linha do Equador), Caetano Veloso (Tempo de estio), Teresa Christina e Mosquito (Ouvi dizer), Zé Katimba (Vem cá, vem cá...), além do cantor e compositor do Congo Lokua Kanza (Si tu pars). “O disco do samba tomou muito tempo, e estava na hora de focar em outras coisas. Como tenho uma plateia de várias idades, eu quis contemplar artistas de todas as gerações
Um dos destaques do disco é o dueto inédito com Geraldo Azevedo em Se você disser adeus, composta por Geraldo e Capinan, especialmente para ela. O repertório de músicas novas reúne ainda a parceria de Mart’nália com Mombaça (Tomara) e com Zélia Duncan, Arthur Maia e Ronaldo Barcellos (Libertar), além de Melhor para você (Tom Karabachian/Cris Sauma) e Sem dó (Rodrigo Lampreia, Beto Landau e Maurício Pessoa). “Este disco tem a minha cara e, ao mesmo tempo, é uma forma de homenagear as pessoas que admiro”, resume.
BÊNÇÃO DO PAI
Martinho da Vila também está presente no álbum. Mas nada foi combinado, segundo conta Mart’nália. A cantora diz que um não costuma interferir no trabalho do outro e, geralmente, ela só mostra o disco ao pai quando ele já está “meio pronto”. “Não tem essa coisa de pedir bênção, não. A bênção é eu colocar uma música dele no meu CD. Eu disse a ele que estava gravando e, um dia, papai apareceu de bobeira. Nem era para ele cantar, mas não teve jeito”, diverte-se.
A música que abre o disco acabou sendo um samba de Martinho, de 1976, Ninguém conhece ninguém, que traz versos bem representativos para Mart’nália
Enquanto a turnê de Mart’nália Misturado não começa para valer – em Belo Horizonte, ela vai se apresentar em 30 e 31 de março e 1º de abril, no Palácio das Artes – a artista carioca já está esquentando os tamborins. Integrante da ala de compositores da Vila Isabel, sua escola do coração, ela está empolgada com o carnaval, apesar das dificuldades financeiras enfrentadas pela agremiação. “O enredo deste ano, O som da cor, tem muito a ver com essa coisa da mistura das nossas origem musicais e vai contar na avenida a origem africana dos estilos musicais no continente americano. Vai ser bonito”, afirma.
Mart’nália Misturado
. 14 faixas
. Biscoito Fino
. R$ 29,90