As previsões, na economia e na política, são de que 2017 pode ser tão turbulento quanto 2016, mas boa música não faltará aos mineiros. Mesmo com um cenário de instabilidade econômica, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais manterá a temporada de concertos com o mesmo número de apresentações deste ano (80), já que o governo garantiu que não haverá cortes e deverá repassar R$ 18,3 milhões, como em 2016.
A novidade será a incorporação de concertos de música barroca, inclusive a mineira. A temporada também contará com convidados de peso, como o pianista Nelson Freire e o violinista Pinchas Zukerman. ''Dentro da nossa realidade, faremos uma temporada atrativa e de qualidade'', afirma o maestro Fábio Mechetti. O orçamento anual, de cerca de R$ 30 milhões, deverá ser completado com recursos captados por leis de incentivo.
A expectativa da chegada do órgão para a Sala Minas Gerais, no entanto, será frustrada. ''É necessário um investimento de vulto: US$ 3 milhões. O órgão é feito para aquele espaço'', diz o maestro. Em sua avaliação, o instrumento só viria caso algum mecenas bancasse o investimento. Outro projeto que deverá permanecer congelado é o da criação da Orquestra Jovem da Filarmônica.
No entanto, Mechetti acredita que o cenário para a música clássica em Minas é mais alvissareiro do que em outros estados. Ele cita o público fiel nos concertos e a garantia de que não haverá corte de recursos por parte do governo estuadual, diferentemente do que ocorrerá em outros estados brasileiros. ''As notícias em Minas são melhores do que outros estados estão vivenciando.''
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O maestro comemorou a temporada de 2016, a segunda realizada na Sala Minas Gerais. ''O público abraçou os concertos.'' Em nove anos (2008 a 2016), 820 mil pessoas já ouviram a Filarmônica em 641 concertos, segundo dados da orquestra. ''Apesar da crise e das circunstâncias econômicas, o público continua a aumentar, tanto os assinantes como os que compram ingressos avulsos'', diz.
A orquestra criou o programa Amigos da Filarmônica, uma maneira de aproximar o público e diversificar as formas de arrecadação de recursos. O maestro destaca a iniciativa, embora os cerca de R$ 150 mil arrecadados por esse mecanismo representem percentual ainda pequeno do orçamento da orquestra. ''A palavra que a gente mais ouve é orgulho. Se temos tantos obstáculos no campo da política e da economia, é maior a função da arte de preencher a vida das pessoas'', afirma. Ele considera lamentável que, nos momentos de crise, quando mais se precisa da arte, haja mais cortes de recursos e investimentos.