O curioso é o título do trabalho, SOL, com todas as letras maiúsculas, uma oposição ao espírito notívago do artista, acostumado às longas jornadas pelas noites paulistanas. O Sol, o astro, foi a inspiração para o início do que seria o disco e suas 10 músicas. Depois de lançar ASA, seu primeiro disco solo, em 2014, Galo passou a excursionar pelo país no ano passado, com um violão nas costas.
Desgostoso, leu um poema de Vladimir Maiakovski, artista russo morto em 1930, chamado A extraordinária aventura vivida por Vladimir Maiakovski no verão na Datcha. No texto, o poeta reclama com o Sol inclemente. Maldiz a vida até que o próprio Sol responde e explica-lhe que a sua própria jornada, de brilhar dia após dia, também era cansativa. Juntos e amigos, entendem a função de cada um – o poeta com suas palavras colocadas lado a lado, o Sol com raios e quentura.
Mais uma vez trabalhando com Gustavo Ruiz, produtor que havia comandado o disco de estreia e também parceiro dos álbuns da Trupe, Galo faz um disco no qual fala de amor sem medo e pudores. Apaixonado novamente, ele apresenta canções solares, indicadas para serem ouvidas à noite. A transa com as palavras é quente e aberta a interpretações. Amor, de Galo, é indireto, como um flerte. Quando o escancara e opta por usar as palavras dos outros. “Ai meu amor, como eu te amo / Tem um arco-íris unindo meu coração ao seu coração”, ele canta em Salto no escuro, de Mautner e Jacobina. “Quanto mais colocamos o amor em uma relação libertária, mais combatemos uma moral que ainda reveste o sentimento”, ele diz. Quanto mais “tesão”, melhor.
(Pedro Antunes/Estadão Conteúdo)
SOL
Artista: Gustavo Galo
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