Doutor honoris causa pela UFMG, Nelson Freire se apresenta em BH

Um dos grandes pianistas do mundo leva Bach, Beethoven, Villa-Lobos e Chopin ao palco do Teatro Bradesco nesta quarta-feira, 14

Ana Clara Brant
Para 2017, pianista prepara lançamento de CD e concerto com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais - Foto: Benjamin Eolavega/Divulgação
Vir a Minas é sempre especial para Nelson Freire, considerado um dos mais talentosos pianistas do mundo. Nascido em Boa Esperança, no Sul do estado, o artista de 72 anos está em Belo Horizonte para participar de dois eventos. Um deles será uma merecida homenagem, amanhã à tarde, quando receberá o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A indicação para a distinção foi da grande amiga, a também pianista mineira Celina Szrvinsk. “Como músico, recebo a homenagem da UFMG com alegria e gratidão. Sinto-me fortemente prestigiado com esse título. A universidade é a maior do estado e das mais consideradas no país. Do ponto de vista pessoal, é certo que vou me emocionar.
Nasci em Minas e me mantenho ligado à terra de origem. Penso em como meus pais, nascidos como eu em Boa Esperança, ficariam orgulhosos com tanta honraria”, ressalta Freire.


Antes de ser agraciado com o título, o pianista vai presentear os belo-horizontinos com um concerto logo mais no Teatro Bradesco. O repertório traz clássicos de Johann Sebastian Bach, Ludwig van Beethoven, Heitor Villa-Lobos e Frédéric Chopin. “Nos meus programas, procuro só tocar o que eu gosto e fazer o melhor que eu posso. Acho que é o que o público gosta. Nunca me esqueço do conselho que meu primeiro empresário na Europa (Don Ernesto de Quesada, que foi empresário do pianista Arthur Rubinstein) me dava:’El público quiere emoción!’”, recorda Nelson Freire, que faz sua última apresentação do ano em 29 de dezembro, no Teatro de Vermelhos, em Ilhabela (SP).


Apesar de 2016 ter sido eleito um ano extremamente complicado para a maioria dos brasileiros, o músico acredita que os momentos de crise podem trazer renovação e que confia na vitalidade da cultura brasileira e na inteligência do seus compatriotas. Para o próximo ano, Freire prepara um CD com obras pouco executadas que, na primeira metade do século passado, faziam parte do repertório dos grandes pianistas. “São peças curtas que se encaixavam na duração dos discos de 78 rotações. Hoje em dia, essas obras só são tocadas esporadicamente. Devo incluir compositores como Moritz Moszkowski (pianista e compositor alemão), Christian Sinding (compositor norueguês), além de transcrições de Leopold Godowsky (pianista e compositor polonês). Sempre fui atraído por esse repertório e, quando criança, gostava muito mais de ficar mexendo nessas músicas do que estudar as obras que tinha de tocar em concerto. Minha mãe até brigava comigo: ‘Vai estudar o que é da lição, menino..!’”, brinca.


Na agenda, também está previsto um concerto com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, que em 2017 entra na sua décima temporada. Para Nelson Freire, a Filarmônica é motivo de orgulho.

O pianista destaca que, mesmo com estes tempos difíceis, a orquestra tem se mantido no mais alto nível. “A nova sala de concertos é uma das melhores da América Latina. A programação tem sido excelente e a administração da orquestra e sua direção artística são de Primeiro Mundo. Meus parabéns pelos 10 anos e estou muito feliz em participar desta comemoração”, frisa.

 

NELSON FREIRE
Concerto especial, com direção artística de Celina Szrvinsk.

Hoje, às 20h30, no Teatro Bradesco do Centro Cultural Minas Tênis Clube (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes, (31) 3516-1360).

Ingressos: R$ 60, à venda pelo site Compre Ingressos.

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