Rolling Stones poderia muito bem ser o sinônimo de rock’n’roll em um glossário qualquer. Não apenas pela semelhança semântica entre as “pedras que rolam”, mas especialmente pela origem sonora e espiritual do blues. O ritmo afro-americano que fez surgir o rock inspirou diretamente aquela que, para muitos, tornou-se a principal banda do estilo. Essa gênese foi mais uma vez assumida em Blue & lonesome, último lançamento do grupo de Mick Jagger e Keith Richards.
O novo álbum dos Stones traz 12 releituras de sucessos de alguns ícones do chamado Chicago Blues. Esse movimento despertou os ouvidos de Jagger e Richards alguns anos antes de a dupla trilhar o caminho que a levaria ao trono do rock. Sem lançar novidades desde 2005, a banda manda para as lojas – físicas e virtuais – seu 26º álbum.
Com Mick Jagger na gaita e vocais, além de participações especiais de Eric Clapton, o novo disco tem versões de composições de Buddy Johnson, Howlin’ Wolf, Memphis Slim e Little Walter, entre outros artistas que inspiraram os Stones com gravações feitas nas décadas de 1950 e 1960. Willy Dixon, que teve uma de suas canções incluídas no álbum de estreia da banda, em 1964, volta ao repertório dos ingleses com Just like I treat you e I can’t quit you baby.
O blues é tão importante para a banda que seu próprio nome veio do hit Rolling stone, de Muddy Waters. Com sua dimensão e poder midiático, o grupo projetou mundialmente o gênero de Chicago. Nos anos 1960 e 1970, além de impulsionar festivais, os Stones deram novo fôlego a artistas que se dedicavam ao gênero.
BRASIL Cinco décadas depois, processo semelhante pode se repetir com o novo disco dos britânicos, na visão daqueles que se dedicam ao gênero no Brasil. Há 31 anos, o carioca Flávio Guimarães é gaitista do Blues Etílicos, principal referência do estilo no país, na ativa desde 1985. O álbum dos ingleses fez com que ele se sinta especialmente representado.
“Todos os gaitistas de blues têm um grande ídolo: Little Walter. Duas músicas dele foram gravadas no disco. Fico muito feliz com esse holofote, porque muitas vezes rola um desconhecimento dos trabalhos de Walter e de outros gaitistas, pois a guitarra acaba tendo um protagonismo maior”, explica Flávio, fã dos Stones desde a juventude.
No fim dos anos 1980, ele participou do surgimento da cena blueseira no Brasil. “Blues Etílicos e André Christovam criaram a estrada. De lá pra cá surgiram muitas bandas e festivais, a ponto de o Brasil ser um dos países com maior número de eventos do gênero, recepcionando vários artistas norte-americanos. Por outro lado, sinto falta de um trabalho autoral. A maioria ainda está na releitura, que é importante e essencial, mas falta novidade”, afirma Flávio.
BH Essa expectativa é compartilhada também por guitarristas. Rafael Ragali, da belo-horizontina Ragalli Blues Band, difunde o gênero entre novos públicos. Por meio da produtora Era Vinil, ele é um dos responsáveis pelo projeto Blues no morro, que será realizado no dia 16, na quadra da Escola de Samba Cidade Jardim, em BH.
A proposta de democratizar o blues vem ao encontro de Blue & lonesome. “A partir da década de 1970, a cena ficou comprometida no mundo, pois o blues se tornou menos interessante comercialmente do que o rock. O Rolling Stones ressuscitar isso é uma forma de fazer uma revolução e de mudar os modelos, resgatando essa cultura”, afirma Ragali.
“A cena do blues em BH é rica, porém não é democratizada”, diz o guitarrista, lembrando que há bons artistas, mas o público se limita a acompanhar os mais antigos. Daí veio a proposta do Blues no morro. “A juventude brasileira conheceu primeiro o rock e depois o blues, pela internet. Mesmo outros ritmos fruto do blues, como o hip-hop, acabaram vindo antes para os jovens. Isso é meio injusto, pois o blues é a matéria-prima”, conclui.
BLUE & LONESOME
Rolling Stones
Interscope Records
Preço médio: R$ 29,90
Disponível também no Spotify
O novo álbum dos Stones traz 12 releituras de sucessos de alguns ícones do chamado Chicago Blues. Esse movimento despertou os ouvidos de Jagger e Richards alguns anos antes de a dupla trilhar o caminho que a levaria ao trono do rock. Sem lançar novidades desde 2005, a banda manda para as lojas – físicas e virtuais – seu 26º álbum.
Com Mick Jagger na gaita e vocais, além de participações especiais de Eric Clapton, o novo disco tem versões de composições de Buddy Johnson, Howlin’ Wolf, Memphis Slim e Little Walter, entre outros artistas que inspiraram os Stones com gravações feitas nas décadas de 1950 e 1960. Willy Dixon, que teve uma de suas canções incluídas no álbum de estreia da banda, em 1964, volta ao repertório dos ingleses com Just like I treat you e I can’t quit you baby.
O blues é tão importante para a banda que seu próprio nome veio do hit Rolling stone, de Muddy Waters. Com sua dimensão e poder midiático, o grupo projetou mundialmente o gênero de Chicago. Nos anos 1960 e 1970, além de impulsionar festivais, os Stones deram novo fôlego a artistas que se dedicavam ao gênero.
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“Todos os gaitistas de blues têm um grande ídolo: Little Walter. Duas músicas dele foram gravadas no disco. Fico muito feliz com esse holofote, porque muitas vezes rola um desconhecimento dos trabalhos de Walter e de outros gaitistas, pois a guitarra acaba tendo um protagonismo maior”, explica Flávio, fã dos Stones desde a juventude.
No fim dos anos 1980, ele participou do surgimento da cena blueseira no Brasil. “Blues Etílicos e André Christovam criaram a estrada. De lá pra cá surgiram muitas bandas e festivais, a ponto de o Brasil ser um dos países com maior número de eventos do gênero, recepcionando vários artistas norte-americanos. Por outro lado, sinto falta de um trabalho autoral. A maioria ainda está na releitura, que é importante e essencial, mas falta novidade”, afirma Flávio.
BH Essa expectativa é compartilhada também por guitarristas. Rafael Ragali, da belo-horizontina Ragalli Blues Band, difunde o gênero entre novos públicos. Por meio da produtora Era Vinil, ele é um dos responsáveis pelo projeto Blues no morro, que será realizado no dia 16, na quadra da Escola de Samba Cidade Jardim, em BH.
A proposta de democratizar o blues vem ao encontro de Blue & lonesome. “A partir da década de 1970, a cena ficou comprometida no mundo, pois o blues se tornou menos interessante comercialmente do que o rock. O Rolling Stones ressuscitar isso é uma forma de fazer uma revolução e de mudar os modelos, resgatando essa cultura”, afirma Ragali.
“A cena do blues em BH é rica, porém não é democratizada”, diz o guitarrista, lembrando que há bons artistas, mas o público se limita a acompanhar os mais antigos. Daí veio a proposta do Blues no morro. “A juventude brasileira conheceu primeiro o rock e depois o blues, pela internet. Mesmo outros ritmos fruto do blues, como o hip-hop, acabaram vindo antes para os jovens. Isso é meio injusto, pois o blues é a matéria-prima”, conclui.
BLUE & LONESOME
Rolling Stones
Interscope Records
Preço médio: R$ 29,90
Disponível também no Spotify