Vânia Bastos e Marcos Paiva lançam disco em homenagem a Pixinguinha

Com a ideia de retirar o mestre popular 'da caixinha da tradição', a cantora e o baixista dão nova roupagem a clássicos e também a canções menos conhecidas do compositor

por Walter Sebastião 09/12/2016 08:00
Tambores Comunicação/Divulgação
Tambores Comunicação/Divulgação (foto: Tambores Comunicação/Divulgação)

Leva o nome de Concerto para Pixinguinha (selo Atração Fonográfica) o disco da cantora Vânia Bastos e do baixista Marcos Paiva que será lançado, com show da dupla, domingo, às 11h, no Museu de Arte da Pampulha. O repertório inclui clássicos do compositor, mas também algumas de suas peças menos conhecidas. A dupla é acompanhada nesse show dos músicos Nelton Essi (vibrafone), César Roversi (sax e flauta) e Jônatas Sansão (bateria). A beleza das canções, apontam os intérpretes, confirma que a arte de Pixiguinha é eterna. Marcos Paiva explica que, nesse trabalho, eles buscaram fazer releituras que dessem novo colorido à obra do compositor.

A proposta que eles defendem é ousada: interpretar, ao vivo, a obra de Pixiguinha de um modo distinto do que o autor tem sido ouvido tradicionalmente, isto é, com arranjos marcados pelas estruturas musicais do chorinho. “A música de Pixinguinha está além de qualquer formato. Foi um autor que, durante a sua vida inteira, abriu novos caminhos. Estamos nos permitindo tocá-la com outras sonoridades”, afirma o baixista, conceituando o que faz como choro jazz.

“Nas interpretações muito convencionais perdemos as sutilezas da música dele. Um andamento mais livre revela um sentimento muito vivo e que reverbera no ouvinte”, argumenta. Ele cita como exemplos que traduzem bem essa proposta Lamentos, Seu Lourenço no vinho e Isto é que é viver – todas presentes tanto no disco quanto no show.

Paiva recorda que Pixinguinha, “um grande compositor, arranjador fantástico e um flautista revolucionário” se firmou como “o músico mais importante da primeira metade do século 20 no Brasil, que, junto com Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga, ajudou a formatar o que é hoje a música popular brasileira”. No entanto,o baixista defende que “o que ele fez precisa ser retirado da caixinha da tradição”, algo que já tem sido feito por outros músicos, como Hamilton de Holanda.


Também compositor e arranjador, além de baixista, Marcos Paiva é paulista, mas já morou e tocou em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Tem um trabalho próprio de música instrumental, com vários discos, entre eles Meu samba no prato – Tributo a Edison Machado (2012). Atua ao lado de artistas como Bibi Ferreira e Zizi Possi, além do cubano Fernando Ferrer e da portuguesa Teresa Salgueiro, com quem viajou pela América e Europa.

Concerto para Pixinguinha
Com Vânia Bastos & Marcos Paiva – Domingo, às 11h, no Museu de Arte da Pampulha (Avenida Otacílio Negrão de Lima, 16.585, Pampulha, (31) 3277-7996). Ingressos: R$ 20 e
R$ 10 (meia), à venda também na loja Acústica CD’s (Rua Fernandes Tourinho, 300, (31) 3281-6720, Savassi), com pagamento somente em dinheiro.

Fazer Concerto para Pixinguinha foi um mergulho delicioso na obra de Pixinguinha. Adorei os arranjos que o Marcos fez para as músicas. Mudou a instrumentação, o que mudou tudo na música, e tudo flui naturalmente. Pixinguinha tem músicas que ficarão para sempre. Rosa é uma delas. Ela tem melodia bonita, algo de amor, que toda vez que canto me emociona. É um autor ousado, que a gente que o interpreta está sempre descobrindo. Ele criou encrencas melódicas e harmônias que são muito novas até hoje. E tem um apelido que é muito simpático, daqueles de pessoas que chegam para deixar o ambiente bom”

>> VÂNIA BASTOS, cantora

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