Desde que lançou Júpiter, em 2015, o cantor capixaba Silva realizou shows por todo o Brasil. Nos intervalos das apresentações, ele arranjou tempo para gravar um novo disco e entregá-lo ao público poucos dias antes de Júpiter completar um ano. Saindo do maior planeta do sistema solar, Silva se transportou para o universo particular de uma sumidade da música brasileira: Marisa Monte. Neste novo espaço, ele lança Silva canta Marisa.
“Foi uma coisa trazendo a outra”, conta Silva, por telefone, ao descrever o processo que o levou a gravar o disco. Em 2015, ele foi convidado para participar do programa Versões, do canal de TV a cabo Bis. Na ocasião, Silva deveria reinterpretar canções de um artista de sua escolha. “Sempre tive muita admiração pela Marisa.
Silva, então, foi até o Rio de Janeiro para encontrar a cantora. “Ela me chamou para ir à casa dela, no Rio, e já no primeiro encontro a gente começou a compor juntos. Quando você conhece a Marisa, em pouco tempo ela desconstrói essa imagem de ‘diva’. Então, logo que a gente se conheceu, já fiquei muito à vontade com ela”, afirma, sem esconder a admiração.
Silva canta Marisa nasceu para documentar esse encontro. “Este disco só foi gravado por causa da minha relação com a Marisa. Eu quis registrar isso, porque foi um momento muito importante para mim”, afirma. No entanto, o cantor – que também é compositor e produtor – confessa que hesitou por conta da grandiosidade de Marisa Monte na MPB. “Eu tinha um pouco de receio, porque o público dela é muito fiel e dedicado, então eu corria um certo risco”, diz. O resultado do álbum, no entanto, atesta que ele fez as escolhas certas.
RELEITURAS Nas 11 releituras presentes no trabalho, Silva investiu em sua marca: os sons sintetizados. Não vá embora, por exemplo, virou um reggae moderno.
Apesar disso, a identidade sonora de Silva está lá, em todas as músicas em que trabalhou. “Mantive as estruturas melódicas e só mudei os arranjos”, revela. A junção entre a MPB tradicional e um ‘novato experiente’ tornou o indie-pop de Silva mais popular e acessível. “Acredito que acabe atingindo um público mais variado por causa do alcance das músicas da Marisa”, avalia o cantor.
Silva afirma que uma turnê com o disco não está descartada.
Questionado sobre a possibilidade de mais álbuns com releituras, ele cita o trabalho árduo que isso requer. “Para essa coisa de tributo, por mais que você não tenha o trabalho de compor, é necessário assimilar aquele repertório, senão não convence, fica meio raso.” Apesar de não prever um trabalho nesse estilo para breve, revela a vontade de trabalhar com as músicas de Caetano Veloso, Chico Buarque e João Donato. No entanto, o momento agora é de aproveitar o trabalho aprovado por Marisa Monte. Os destaques são as reinterpretações de Infinito particular, O bonde do Dom e Pecado é lhe deixar de molho. Ele revela o segredo: “São músicas que ficaram boas no meu tom”.
Silva Canta Marisa
De:Silva
Gravadora: Som Livre
Preço sugerido: R$ 24,90.