Em 2011, aos 23 anos, ele foi contemplado com o prêmio Jovens Instrumentistas BDMG, que oferece aos vencedores bolsas de estudos com músicos consagrados. Durante seis meses, Glaucon teve aulas com Magno Alexandre, que gravou com Paulinho Trompete e Toninho Horta. Assistir a uma apresentação de Toninho, do Clube da Esquina, foi justamente o que marcou uma virada na percepção musical de Glaucon.
Acostumado ao rock progressivo dos Estados Unidos, estilo de ídolos como os guitarristas Steve Vai e Joe Satriani, o jovem músico se surpreendeu ao ouvir pela primeira vez as harmonias do Clube da Esquina com atenção. “Foi um impacto grande. Era algo completamente diferente do que eu conhecia”, ele diz. “A partir daí, eu tive uma visão diferente de como criar música.”
Nessa época, ele já reunia fragmentos de músicas compostos desde 2001, quando ainda tinha 14 anos. A maioria deles se inspira no rock.
CONVIDADOS Mais do que apenas influência do Clube da Esquina aparece em Encontro dos tempos. Beto Lopes, baixista que toca com Milton Nascimento, é creditado em duas faixas, as abrasileiradas Minas & suas riquezas e Saiu por sair. Ele não é o único grande nome que aparece nos créditos do disco. André “Limão” Queiroz e Adriano Campagnani são outros craques convidados por Glaucon. O itabirano conta que não teve dificuldade em contatá-los.
Artistas internacionais também aparecem nas faixas. Marco Minnemann, baterista de Joe Satriani, foi o primeiro convidado a adicionar instrumentos às músicas do mineiro. “Como são vertentes diferentes, seria difícil um músico só fazer tudo”, diz Glaucon, em referência à variedade de estilos e à quantidade de convidados. Apesar de apontar essa dificuldade, ele próprio pré-gravou os instrumentos de todas as faixas antes de enviá-las para os convidados, que gravaram em estúdios de vários países.
O virtuosismo do músico pode ser visto em Duas mãos, única faixa sem a participação de convidados. O título faz referência à técnica de guitarra em que o músico toca os acordes com a mão esquerda e a melodia com a direita – geralmente, a mão que comanda o ritmo, ensina Glaucon.
“Acho que ainda não passei para o jazz”, declara. Encontro dos tempos parece fazer exatamente o que o título sugere: uma ponte entre as influências mais antigas e as novas descobertas de um jovem músico, que passa do rock progressivo ao jazz de Minas Gerais de um minuto ao outro.
ENCONTRO DOS TEMPOS
. De Glaucon Siqueira
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. R$ 24,90
. Disponível no link https://goo.gl/AqCFIO..