O que começou há alguns anos como reunião de amigos que não queriam mais ir para o Rio ou Diamantina acabou virando uma festa para 2 milhões de convidados. Maior a cada ano, o carnaval de rua de BH começa a enfrentar novos desafios em sua retomada para seguir conquistando o público. Faltando pouco mais de três meses para a folia, os blocos mais populares da capital já se movimentam para preparar os desfiles e evitar os transtornos que ocorreram este ano.
Em 2016, cerca de 60 mil pessoas, na estimativa do próprio bloco, compareceram ao desfile do Chama o Síndico, na quarta-feira anterior ao feriado. A maioria pulou, cantou, dançou e se divertiu, mas, para a organização, poderia ter sido melhor. “Tivemos muita dificuldade para sair da concentração e não elevamos ao máximo nosso potencial musical”, relata Nara Torres, regente e uma das fundadoras do bloco, que desfila desde 2012 pelas ruas da Região Centro-Sul ao som dos hits de Tim Maia e Jorge Ben Jor. Para solucionar os problemas e melhorar a performance musical, o Chama o Síndico resolveu modificar a formação de sua bateria.
Até este ano, a bateria era aberta para qualquer um que chegasse com seu instrumento disposto a acompanhar as músicas tocadas pela banda, que seguia no carro de som e no chão. Os ensaios eram realizados ao longo das semanas antecedentes, mas nada impedia quem não tivesse comparecido de tocar no dia do desfile. Esta será a principal mudança em 2017: para tocar no carnaval será preciso participar das oficinas que o bloco montou para ensaiar.
A iniciativa, chamada Sindicato, reúne oito turmas de percussão, metais, dança, voz e cenografia. Iniciadas no fim de novembro, as aulas semanais irão até a véspera do carnaval, marcado para a última semana de fevereiro. Para participar, cada batuqueiro tem que desembolsar a mensalidade de R$ 100 e levar o próprio instrumento. De acordo com a organização, o dinheiro será usado para custear as despesas do bloco, além de remunerar os profissionais envolvidos e os locais utilizados nas oficinas e ensaios: Galpão Paraíso, Necup, Mercado das Borboletas, Alfaiataria, A Casa, Casinha e Vivero.
A ideia é criar identificação artística e proteção física para os integrantes no dia do desfile. “É importante ficar claro que não estamos usando cordas para separar público de público, estamos apenas protegendo os músicos para que o bloco possa evoluir bem e todos possam curtir da melhor forma possível”, explica Nara Torres.
A ideia do Chama o Síndico é desfilar com 150 pessoas na bateria, 40 nos metais, 30 no coro, 30 na ala de dança, além dos 13 músicos da banda. Ainda restam algumas vagas nas oficinas de percussão, voz e dança. As inscrições podem ser feitas na página oficial do bloco no Facebook.
DESENCONTRO - Outro bloco que repensou sua estratégia foi o Então, Brilha!, que este ano atraiu 40 mil pessoas para as ruas do Centro de BH na manhã do sábado de carnaval. Tamanha popularidade prejudicou um pouco a festa. “A bateria desencontrou, metade ficou para trás e a multidão ficou perdida. Isso aconteceu por causa de nossa desorganização musical”, explica o regente Christiano de Souza.
Até então formada por qualquer um que chegasse com seu instrumento nos ensaios ou no dia do desfile, em 2017 só poderá tocar na bateria quem participar das oficinas. Ao contrário do Chama o Síndico, que permite a inscrição de novatos, apenas quem já participava do Brilha pode participar das oficinas, que são gratuitas, porém fechadas. Apenas em 2018 novos integrantes poderão entrar.
“Entendemos que faltava organizar um pouco musicalmente. As mudanças não foram impostas, mas construídas junto com a bateria em assembleias e reuniões públicas”, explica Christiano. Segundo o regente, em 2016, o bloco teve 700 pessoas na bateria – mais do que o dobro de ritmistas da escola de samba carioca Grande Rio. Em 2017, o objetivo é desfilar com o limite de 250 batuqueiros, previamente ensaiados nas oficinas.
Na mesma toada, o Baianas Ozadas, conhecido por ser o maior bloco de BH, também vai ajustar sua logística e limitar a bateria. De acordo com a organização do bloco, cerca de 300 mil pessoas seguiram os músicos este ano. “Tivemos mais de 800 pessoas na bateria. Muita gente que nunca tinha tocado na vida chegava, entrava e ficava lá como se fosse camarote. Isso acabou prejudicando quem ensaiou e os foliões escutaram um som pior”, explica Polly Paixão, produtora do Baianas.
Para contornar o problema, o bloco apostou nas oficinas e, desde outubro, vem preparando batuqueiros e oferecendo a quem nunca tocou a oportunidade de aprender. Os eventos são gratuitos e abertos ao público, basta levar o próprio instrumento. É sugerida a contribuição voluntária de R$ 10 a cada oficina, para ajudar a custear as despesas do desfile. Também há controle de quem ensaia por meio de lista de assinaturas.
Apenas os participantes da oficina estarão na bateria, devidamente identificados com uma camisa especial que será dada aos integrantes, ou vendida a preço de custo, caso o bloco não encontre patrocinadores. Assim como em anos anteriores, os percussionistas serão protegidos pelo chamado “cordão do amor”, formado por vários colaboradores de mãos dadas em volta da bateria. Este ano, seguindo determinações do Corpo de Bombeiros, brigadistas também farão parte da estrutura.
A regência pretende trabalhar com cerca de 400 percussionistas, que devem se inscrever gratuitamente nas oficinas. As vagas estão limitadas por naipe de instrumentos. “Para cada trio de surdos teremos um número determinado de agogôs e outro de caixas, por exemplo. Nosso regente Bill Lucas está definindo isso para termos a melhor harmonia possível. Não queremos restringir, apenas organizar, afinal, nosso carnaval tem que ser ousado!”, explica Polly.
Quem tem interesse de tocar no desfile de 2017 já pode começar a se preparar. Hoje, será realizada mais uma edição da “oficina-ensaio’’ do Baianas Ozadas no Necup, no Prado, a partir das 10h. Os instrumentos são caixa, repique, surdos de 1ª, 2ª e 3ª, agogô e xequerê. Quem quiser apenas curtir o batuque é bem-vindo. A ideia do bloco é realizar vários eventos como esse durante janeiro e fevereiro, inclusive com shows, sempre gratuitos e em locais fechados. Todas as informações podem ser encontradas na página oficial do bloco no Facebook.
De acordo com a programação da prefeitura, os blocos têm até quarta-feira para se cadastrar oficialmente, informando o local de concentração e o trajeto. Em 2016, 200 blocos se inscreveram. Nos próximos meses, vários blocos menores deverão realizar ensaios abertos. Em alguns casos, o local é divulgado publicamente nos canais de comunicação de cada um deles.
CHAMA O SÍNDICO
Vagas abertas para percussão, voz e dança
Preço: R$ 100 (mensalidade)
Informações: www.facebook.com/chamaosindico
ENTÃO, BRILHA!
Vagas fechadas para quem já fazia parte da bateria
Informações: www.facebook.com/entaobrilha
BAIANAS OZADAS
Vagas abertas para percussão
Preço: R$ 10 (por ensaio, opcional)
Informações: www.facebook.com/baianasozadas
Em 2016, cerca de 60 mil pessoas, na estimativa do próprio bloco, compareceram ao desfile do Chama o Síndico, na quarta-feira anterior ao feriado. A maioria pulou, cantou, dançou e se divertiu, mas, para a organização, poderia ter sido melhor. “Tivemos muita dificuldade para sair da concentração e não elevamos ao máximo nosso potencial musical”, relata Nara Torres, regente e uma das fundadoras do bloco, que desfila desde 2012 pelas ruas da Região Centro-Sul ao som dos hits de Tim Maia e Jorge Ben Jor. Para solucionar os problemas e melhorar a performance musical, o Chama o Síndico resolveu modificar a formação de sua bateria.
Até este ano, a bateria era aberta para qualquer um que chegasse com seu instrumento disposto a acompanhar as músicas tocadas pela banda, que seguia no carro de som e no chão. Os ensaios eram realizados ao longo das semanas antecedentes, mas nada impedia quem não tivesse comparecido de tocar no dia do desfile. Esta será a principal mudança em 2017: para tocar no carnaval será preciso participar das oficinas que o bloco montou para ensaiar.
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A iniciativa, chamada Sindicato, reúne oito turmas de percussão, metais, dança, voz e cenografia. Iniciadas no fim de novembro, as aulas semanais irão até a véspera do carnaval, marcado para a última semana de fevereiro. Para participar, cada batuqueiro tem que desembolsar a mensalidade de R$ 100 e levar o próprio instrumento. De acordo com a organização, o dinheiro será usado para custear as despesas do bloco, além de remunerar os profissionais envolvidos e os locais utilizados nas oficinas e ensaios: Galpão Paraíso, Necup, Mercado das Borboletas, Alfaiataria, A Casa, Casinha e Vivero.
A ideia é criar identificação artística e proteção física para os integrantes no dia do desfile. “É importante ficar claro que não estamos usando cordas para separar público de público, estamos apenas protegendo os músicos para que o bloco possa evoluir bem e todos possam curtir da melhor forma possível”, explica Nara Torres.
A ideia do Chama o Síndico é desfilar com 150 pessoas na bateria, 40 nos metais, 30 no coro, 30 na ala de dança, além dos 13 músicos da banda. Ainda restam algumas vagas nas oficinas de percussão, voz e dança. As inscrições podem ser feitas na página oficial do bloco no Facebook.
DESENCONTRO - Outro bloco que repensou sua estratégia foi o Então, Brilha!, que este ano atraiu 40 mil pessoas para as ruas do Centro de BH na manhã do sábado de carnaval. Tamanha popularidade prejudicou um pouco a festa. “A bateria desencontrou, metade ficou para trás e a multidão ficou perdida. Isso aconteceu por causa de nossa desorganização musical”, explica o regente Christiano de Souza.
Até então formada por qualquer um que chegasse com seu instrumento nos ensaios ou no dia do desfile, em 2017 só poderá tocar na bateria quem participar das oficinas. Ao contrário do Chama o Síndico, que permite a inscrição de novatos, apenas quem já participava do Brilha pode participar das oficinas, que são gratuitas, porém fechadas. Apenas em 2018 novos integrantes poderão entrar.
“Entendemos que faltava organizar um pouco musicalmente. As mudanças não foram impostas, mas construídas junto com a bateria em assembleias e reuniões públicas”, explica Christiano. Segundo o regente, em 2016, o bloco teve 700 pessoas na bateria – mais do que o dobro de ritmistas da escola de samba carioca Grande Rio. Em 2017, o objetivo é desfilar com o limite de 250 batuqueiros, previamente ensaiados nas oficinas.
Na mesma toada, o Baianas Ozadas, conhecido por ser o maior bloco de BH, também vai ajustar sua logística e limitar a bateria. De acordo com a organização do bloco, cerca de 300 mil pessoas seguiram os músicos este ano. “Tivemos mais de 800 pessoas na bateria. Muita gente que nunca tinha tocado na vida chegava, entrava e ficava lá como se fosse camarote. Isso acabou prejudicando quem ensaiou e os foliões escutaram um som pior”, explica Polly Paixão, produtora do Baianas.
Para contornar o problema, o bloco apostou nas oficinas e, desde outubro, vem preparando batuqueiros e oferecendo a quem nunca tocou a oportunidade de aprender. Os eventos são gratuitos e abertos ao público, basta levar o próprio instrumento. É sugerida a contribuição voluntária de R$ 10 a cada oficina, para ajudar a custear as despesas do desfile. Também há controle de quem ensaia por meio de lista de assinaturas.
Apenas os participantes da oficina estarão na bateria, devidamente identificados com uma camisa especial que será dada aos integrantes, ou vendida a preço de custo, caso o bloco não encontre patrocinadores. Assim como em anos anteriores, os percussionistas serão protegidos pelo chamado “cordão do amor”, formado por vários colaboradores de mãos dadas em volta da bateria. Este ano, seguindo determinações do Corpo de Bombeiros, brigadistas também farão parte da estrutura.
A regência pretende trabalhar com cerca de 400 percussionistas, que devem se inscrever gratuitamente nas oficinas. As vagas estão limitadas por naipe de instrumentos. “Para cada trio de surdos teremos um número determinado de agogôs e outro de caixas, por exemplo. Nosso regente Bill Lucas está definindo isso para termos a melhor harmonia possível. Não queremos restringir, apenas organizar, afinal, nosso carnaval tem que ser ousado!”, explica Polly.
Quem tem interesse de tocar no desfile de 2017 já pode começar a se preparar. Hoje, será realizada mais uma edição da “oficina-ensaio’’ do Baianas Ozadas no Necup, no Prado, a partir das 10h. Os instrumentos são caixa, repique, surdos de 1ª, 2ª e 3ª, agogô e xequerê. Quem quiser apenas curtir o batuque é bem-vindo. A ideia do bloco é realizar vários eventos como esse durante janeiro e fevereiro, inclusive com shows, sempre gratuitos e em locais fechados. Todas as informações podem ser encontradas na página oficial do bloco no Facebook.
De acordo com a programação da prefeitura, os blocos têm até quarta-feira para se cadastrar oficialmente, informando o local de concentração e o trajeto. Em 2016, 200 blocos se inscreveram. Nos próximos meses, vários blocos menores deverão realizar ensaios abertos. Em alguns casos, o local é divulgado publicamente nos canais de comunicação de cada um deles.
CHAMA O SÍNDICO
Vagas abertas para percussão, voz e dança
Preço: R$ 100 (mensalidade)
Informações: www.facebook.com/chamaosindico
ENTÃO, BRILHA!
Vagas fechadas para quem já fazia parte da bateria
Informações: www.facebook.com/entaobrilha
BAIANAS OZADAS
Vagas abertas para percussão
Preço: R$ 10 (por ensaio, opcional)
Informações: www.facebook.com/baianasozadas