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Orquestra Ouro Preto toca Alceu e Beatles na arena do BH Hall

Serão apresentados os concertos Valencianas e The Beatles, o que mostra a versatilidade dos músicos

Pedro Antunes/Estadão Conteúdo

Há quase 10 anos, uma brisa renovadora vem soprando sobre o mundo das orquestras em Belo Horizonte.

E a Orquestra Ouro Preto tem papel importante nesse contexto ao desfazer, de forma sedutora, preconceitos que engessavam a melhor fruição da música no Brasil.

Dois concertos antológicos do grupo serão apresentados no BH Hall: Valencianas (2011), dedicado a Alceu Valença – com direito ao pernambucano no palco –, e The Beatles (2012), voltado para as criações do quarteto de Liverpool.

Nos dois casos, ouve-se música executada com surpreendente rigor, além de inventividade. Os exemplos da perícia do grupo ouro-pretano são muitos. Pode ser a manutenção do solo de guitarra de George Harrison em Something, que toca fundo na emoção. Ou a cuidadosa seleção do repertório de Alceu Valença, revelando a rica trama de elementos populares e eruditos que ilumina os fundamentos da música feita no Brasil.

“Do ponto de vista melódico e rítmico, Alceu é um dos grandes artistas brasileiros. A orquestração mostra como ele é erudito”, explica o maestro Rodrigo Toffolo.

JOVENS O concerto dedicado aos Beatles foi imaginado para chamar a atenção, especialmente, da juventude ouro-pretana para a música instrumental. “Foi uma forma de tirar um pouco os estudantes das repúblicas onde eles moram”, conta Toffolo. “A música dos Beatles é universal”, afirma, lembrando que impressiona a banda ter acabado em 1970 e ser ouvida até hoje.

“São melodias fortes, você ouve e sai assobiando”, diz o maestro, explicando que a potência da obra de Mozart ou Schubert também está nesse aspecto.


O uso da guitarra elétrica em Something tem explicação singela: “É mais do que um solo, a música é isso.
Não consigo conceber essa composição sem esse solo”. O maestro revela que o pop rock faz parte da formação pessoal dele. Às vezes, Rodrigo até fantasia tocar Metallica. E acredita que composições do Nirvana merecem ser usadas durante as aulas nas escolas de música.

Toffolo conta que a Orquestra Ouro Preto tem analisado a hipótese de fazer concertos voltados para o rock brasileiro. “Um baiano danado que faz rock de grande qualidade merecia ser revisitado”, observa, com bom humor, sem adiantar nomes. Raul Seixas agradece...

SONORIZAÇÃO A escolha do BH Hall, onde o grupo já tocou, veio do fato de Valencianas e The Beatles atraírem grandes plateias. Em Vitória (ES), a orquestra se apresentou para 4 mil pessoas. Vem daí o contato com arenas, palcos quase exclusivos de artistas pop.

Toffolo sabe da fama do som ruim do BH Hall. Por isso mesmo, foi convocada a empresa Murillo Correia Som e Luz, especializada em sonorização para orquestras. “Estamos colaborando para a criação de um novo pensamento sobre esses espaços, dando a eles tratamento acústico adequado de forma que possam receber orquestras. Nós somos o nosso som”, conclui Rodrigo Toffolo.

ORQUESTRA OURO PRETO

The Beatles e Valencianas (com Alceu Valença). Amanhã, às 21h30. BH Hall, Av.
Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi, (31) 3209-8989. Arquibancada: R$ 90 (inteira) e R$ 45 (meia-entrada). Mesas: R$ 440 (quatro lugares) e R$ 520 (especial).

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