Fato é que, cinco anos depois de estourar no showbizz como MC Beyoncé – e dois após fincar os pés no mainstream com o nome da certidão –, Ludmilla é uma das artistas mais em evidência do país. E haja procura! Diante disso, o que faz essa bem-assessorada moça, que, segundo contratantes, apresenta 22 shows por mês e faturaria cerca de R$ 1 milhão em 30 dias?
Cuidadosamente, ela valoriza o passe, tornando sua presença algo “precioso” de desfrutar fora dos palcos. Tem-se notícia de que não pisa neles por menos de R$ 120 mil.
A oferta é para lá de controlada. No primeiro show de Ludmilla em Belo Horizonte depois do lançamento do novo disco, A danada sou eu, a assessoria informou que ela não conversaria com repórteres nem sequer por telefone. Entrevistas, só por e-mail. No dia da apresentação, marcada para a madrugada de quinta, 27, a cantora se restringiria a receber fotógrafos e emissoras de TV no camarim. E sem abrir exceção, “pois o tempo está contado”, conforme alegou um integrante da equipe da artista.
“Mas, hein? Então Lud vira pauta justamente por que vem a BH, mas os jornalistas não têm como conversar com ela?”, perguntou a repórter a uma assessora da cantora.
BAILE ‘TOPZÊRA’ Quem ouve o novo álbum de Ludmilla tem a impressão de que o tamborzão funkeiro perdeu um pouco do rebolado para dar lugar à dose generosa de pop. Esforço para transformá-la em “diva tipo exportação”? Oficialmente, não é o que Lud confirma. “Muita gente comenta isso, mas vou continuar no funk. Só que não quero me limitar, quero cantar pop, reggaton, romântica ... tudo!”, afirma ela, por e-mail.
Antes de entrar em casas como essa, o batidão passou por certa “customização”, que o distancia do morro. Afinal, o estilo “baile de favela”, para ser consumido em larga escala em baladinhas universitárias e pistas lucrativas, não deve ultrapassar a medida da “pitada”, como bem entendem os tubarões da indústria fonográfica que projetaram tanto Ludmilla quanto seus colegas funkeiros.
Da portaria à entrada do camarim, guardado pela segurança Joana d’Arc, heroína anônima que defendia a privacidade da diva, o caminho era entremeado de fãs contemplados por um sorteio do patrocinador do show, que aguardavam o encontro com a diva. Pareciam estar ali mais pela farra do que pela paixão que se observa em meninas negras que se sentem representadas em Lud.
Aliás, a pergunta sobre a representatividade que a ex-MC Beyoncé tem junto às garotas negras foi uma das que ela não respondeu na entrevista virtual.
As tietes presentes na Wood’s, porém, dizem muito sobre o público no qual ela parece estar investindo. “O que mais admiro na Ludmilla é o visual dela. Ah, as músicas também”, pontuou, sem emoção, a estudante Franciane Sampaio, de 30 anos, prestes a conhecer pessoalmente a diva.
Antes de receber os fãs, a princesa do funk pop (a rainha é Anitta) abriu as portas à reportagem. Mas... Por apenas três minutinhos. E só para fazer fotos.
Vieram de seu staff algumas informações “preciosas”. A empresa de decoração e bufê revelou que a cantora não fez nenhum tipo de exigência complicada ou estranha.
PERUCA AZUL Às 2h30 em ponto, Lud entrou no palco, cheia de força na peruca azul e mandando a animada 24 horas por dia, diante do mar de smartphones. Mostrando que sabe fazer baile, engatou o hit Eu te ensinei certin. Depois de Fala mal de mim (“Não olha pro lado/ quem tá passando é o bonde/ se ficar de caozada/ a porrada come”) e É hoje – que o público tinha na ponta da língua –, cantou a balada Bom, a primeira canção do disco novo. A plateia já estava rendida.
Halo, de Beyoncé, a diva favorita de Ludmilla, também fez parte do repertório. Os momentos em que “performou” os agudos chegaram a ser engraçados. Sem a potência vocal da americana, Lud quase engasgou. E escorregou no inglês ao tentar imitar a ídola. Mas quem liga? A plateia é que não, pois cantou desafinadamente com ela.
Ludmilla conhece seu público – sobretudo, o que ele escuta além do funk pop.
Ao contrário de suas antigas performances, ela evitou palavrões – tão característicos do funk carioca. Malandramente, deixou para o público a “sessão pornografia”.
Fim de show, uma certeza: a danada ainda é ela.