Marrom, como é carinhosamente chamada pelos fãs, chega com novidades, entremeando sucessos de sua carreira com boleros, pelos quais sempre foi apaixonada. “O disco e o DVD gravados em setembro, no Rio de Janeiro, chegam às lojas em dezembro. Como em meus shows nunca posso deixar de cantar Estranha loucura ou Meu ébano, optei por mesclar os repertórios”, conta.
Ela sempre desejou registrar os boleros preferidos, mas reconhece: as gravadoras não admitiam que uma sambista como ela se dedicasse a outro estilo. “Agora, com o meu selo Marrom Music, distribuído pela Biscoito Fino, posso colocar em prática alguns projetos pessoais”, conta. Risque (de Ary Barroso) e Corsário (de João Bosco e Aldir Blanc) fazem parte deles.
Marrom gosta da estrada. “Houve época em que fazia três, quatro shows em uma noite. Hoje, minha rotina mudou e o cachê aumentou”, diz, bem-humorada. “Não posso deixar de bater perna por este país, que é enorme. Às vezes, levo até oito anos para voltar a alguma cidade”. Não é o caso de Belo Horizonte, onde o encontro anual com Alcione é de lei.
Animadíssima, ela garante não ver a hora de subir ao palco do BH Hall, onde se apresenta amanhã. A relação com Minas, aliás, não se resume aos fãs. Entre os parceiros e amigos ela cita Vander Lee (1966-2016), de quem gravou Mais um barco, Wagner Tiso e Milton Nascimento.
Alcione e Bituca se apresentaram juntos há cerca de 15 anos. “Como não aceitar um convite para cantar com Milton?”, diz ela. O projeto resultou em shows nos Estados Unidos, na turnê que incluiu também Wagner Tiso.
Mais do que admiração pela trajetória de Bituca, Alcione lembra o carinho dele com o projeto Mangueira do Amanhã. “Milton doou um piano para lá, foi muito importante para o nosso trabalho.”
Dona de um vozeirão, Alcione revela que há alguns anos, ao descobrir um pequeno calo nas cordas vocais, recorreu à cirurgia espiritual. “Graças ao doutor Fritz, nunca mais soube o que é ficar rouca”, agradece.
BOLEROS
Show de Alcione. BH Hall.