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Agora cantor romântico, Mano Brown manda para as redes o clipe 'Amor distante'

Letras intimistas marcam 'Boogie naipe', o primeiro disco solo do rapper do Racionais, prometido para dezembro

Ângela Faria
Mano Brown lança primeira música de seu álbum solo. - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press
 
O "lado C" de Mano Brown – "C" de coração – começa a chegar às redes. Linha de frente do Racionais MCs e conhecido pelos versos contundentes que o transformaram em ícone do rap brasileiro, Brown divulgou nesta sexta-feira, 14, o primeiro clipe de seu primeiro disco solo, Boogie naipe, com direito a cenas rodadas em Nova York, postado nas redes sociais. Amor distante fala de um sujeito solitário e amargurado depois de perder a amada. 
 
O álbum, prometido para dezembro, traz repertório romântico, com versos bem diferentes de Negro drama, Artigo 157, Vida loka e Homem na estrada, "pedradas" do Racionais contra o racismo e a desigualdade social. Finalmente, o álbum chegará a público – há mais de três anos Brown promete lançá-lo. 
 
 
"Não há mais canção nesse olhar/ Nem amanhã nesse adeus/ Tô desacreditado do amor/ Vou invadir a madrugada/ Te esquecer para não morrer", canta o rapper. O jeito enfezado do autor de Diário de um detento dá lugar ao homem apaixonado – ouve-se até suspiro no início da canção. Brown sai da zona de conforto para se arriscar no universo de Roberto Carlos, Cassiano, Djavan e Fafá de Belém. Um verso diz: "Como o resto de sol no mar/foi assim", lembrando o hit da cantora paraense. Outro presta tributo ao Rei: "Nosso show já terminou". 
 
Sim, existe amor em SP, dá a entender o homem que é ovacionado nos shows do Racionais ao cantar que "em São Paulo/Deus é uma nota de cem". 
 
O disco foi produzido por Brown e pelo cantor e compositor Lino Krizz. Dono de respeitável vozeirão, parceiro de Marisa Monte em Você vai estar na minha e fiel escudeiro do Racionais, Lino, dedicado soulman brasileiro, participa de Amor distante.
O clipe, que também tem cenas em São Paulo, foi dirigido por Fabio Iadeluca, que mora em Nova York há mais de 20 anos e já trabalhou com Spike Lee, Martin Scorsese e Robert De Niro. 
 
- Foto:

SOUL
 
Funk das antigas, rhythm and blues e soul – antigas paixões de Brown – marcam o trabalho solo do rapper, masterizado no lendário Quad Studios, em Nova York. Em entrevista ao Estado de Minas/Uai, em agosto, ele contou que Boogie naipe terá 20 faixas e convidados especiais. Entre eles, um antigo ídolo: o norte-americano Leon Ware, parceiro de Marvin Gaye. Outra lenda também comparece: Carlos Dafé, o "Príncipe do Soul" brasileiro. Infelizmente, Cassiano – outro ídolo dele – não topou participar. 
 
Brown disse que entre as faixas estão Mulher elétrica (crônica do empoderamento feminino) e Lois Lane, de um antigo projeto dele com a banda Black Rio. Porém, todas chegam com nova sonoridade. O rapper, agora, quer "falar de coração para coração". E não teme o ataque dos fãs do Racionais à sua carreira solo. Aliás, no ano passado, ele foi execrado ao gravar com o funkeiro Naldo Benny a música Benny & Brown. Decidido, afirma que não é "boneco de nada", nem dos fãs. "Tô na pista, sou um trabalhador, sou um empregado da ideia", avisou.
 
Boogie naipe será dançante, com pegada disco, influenciado pela cena do final dos anos 1970 e início dos anos 1980, quando John Travolta e Os embalos de sábado à noite fizeram a cabeça do planeta. Aliás, em seu escritório Casa Azul, na periferia paulistana, Brown tem um lustre de espelhos em forma de globo, bem à moda disco. 
 
Aos 46 anos, ele se sente preparado para falar de temas intimistas. Nesta época dominada pela intolerância, Brown "paz e amor" está na área.
 
Ouça o novo single:
 

 
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