Os primeiros versos de Aqui tem declaram o amor de Monique Kessous pelo ofício de cantora. A faixa de abertura do álbum Dentro de mim cabe o mundo é também um guia do quarto disco da artista, repleto de novas referências traduzidas em composições autorais.
Lançado em junho, o novo repertório é uma miscelânea de estilos que combinam com a música feita no Brasil. Ainda que as letras abordem temas universais – o amor, em Pedaço de ilusão e Aonde eu for; a solidão, em Eu sem você –, Monique revela que o processo de composição partiu de sua jornada de autoconhecimento.
“Esse álbum teve como mote uma busca pessoal, o questionamento do que sou, de onde vim. É um disco essencialmente existencialista”, comenta.
Monique, de 32 anos, foi descoberta por uma professora quando ainda estava na escola. Convidada a participar de um coral, percebeu ali sua voz afinada. Depois, decidiu seguir a carreira de cantora, pois sempre quis trabalhar com arte. Integrou algumas bandas, apostou na carreira solo e lançou o primeiro disco, Com essa cor, em 2008. Porém, a vocação para compor veio antes. “Já escrevia desde cedo, foi natural. Tudo começou como um desabafo”, diz.
O que era desabafo hoje é poesia. Nas 13 faixas de Dentro de mim cabe o mundo, ela transportou seu universo particular para as composições. “Tudo o que existe em nós cabe no mundo. E tudo o que existe no mundo cabe em nós”, afirma. Na faixa Espiral essa ideia fica bastante clara: “Dentro de mim cabe o mundo/ Dentro do mundo eu estou/ Cada passo é um segundo/ Do que serei do que sou”.
NEY
Entre os parceiros dela estão Chico César, Paulinho Moska, Jesse Harris e o músico africano Mamadou Diabaté. A parceria mais especial é com Ney Matogrosso. “Queria uma canção minha com a voz do Ney. No meio disso, lembrei-me de uma composição que o Chico César me mandou e decidi falar da relação entre dois rapazes, diferente de tudo o que o Ney já fez”, explica ela.
Meu papo é reto, um bolero moderno, fala sobre verdades veladas de um flerte. “Tudo isso me deixa muito feliz”, comemora Monique, referindo-se à canção e ao novo projeto. O disco conta com guitarras de Davi Moraes, programações de Berna Ceppas, trompete de Jessé Sadoc e baixo de Alberto Continentino, entre outros convidados.
Dentro de mim cabe o mundo começa no silêncio, cresce, passa pela salsa, agogô e bolero, ganha companhia e termina no silêncio. Como uma espiral, que começa e termina em si. “É um disco libertário, sobre a natureza múltipla do ser humano”, resume ela. Liberdade que vai do começo (“Quando eu canto/ eu posso fazer o que eu quiser”) ao fim (“Já não me interessa/ Saber se eu estou mais perto do centro/ Toda parte da espiral é dentro”).
DENTRO DE MIM CABE O MUNDO
De Monique Kessous
MLM
Informações: www.moniquekessous.com.br