Português António Zambujo lança disco com músicas de Chico Buarque

O homenageado participa da faixa 'Joana francesa'. Intérprete lusitano, com carreira em ascensão em Portugal, vem ao Brasil em novembro

por Agência Globo 27/09/2016 08:40

Gonçalo F. Santos/divulgação
(foto: Gonçalo F. Santos/divulgação)
Destaque da cena musical portuguesa, António Zambujo lança o disco Até pensei que fosse minha (Som Livre), com 16 canções de Chico Buarque. Futuros amantes, a faixa de abertura, é a “apresentação perfeita” do projeto, diz o cantor. “Ela resume um pouco de tudo o que faço ali. Tem a delicadeza, mas ao mesmo tempo um pouco de caos, como aparece naquele trompete meio fora de tonalidade. O disco tem isso, a guitarra portuguesa está lá, mas de uma forma não convencional”, explica.

Zambujo afirma que não buscou fazer “leitura portuguesa” da obra de Chico. “Tem mais o fato de eu ser irresponsável do que o fato de ser português”, brinca. Em novembro, o artista fará shows no Rio de Janeiro e em São Paulo para lançar o CD.

Volume 3, lançado em 1968, sedimentou a relação de Zambujo com Chico Buarque. “Era o álbum que mais escutava quando conheci a música dele”, conta. “É uma reunião de grandes canções, tem Retrato em branco e preto, Até pensei e Sem fantasia... Depois, claro, vieram para mim Construção e O Grande Circo Místico, mas o pensamento para esse meu disco, a escolha do repertório, foi muito seguindo essa ideia, da música pela música”, observa.

Selecionar as canções foi um desafio. “Chico é um universo interminável, poderia gravar outras tantas dele”, comenta Zambujo. O repertório – que inclui músicas lançadas entre 1967 (Morena dos olhos d’água) e 2011 (Nina, do último disco do compositor) – foi definido pelo próprio cantor, pelo violonista brasileiro Marcello Gonçalves (que assina direção musical e arranjos) e por João Mário Linhares (diretor de produção do álbum e empresário do artista).

O homenageado também contribuiu. “Nina e Cecília foram indicadas por Chico”, revela Zambujo. O autor, aliás, participa da faixa Joana francesa. Aos 41 anos, o cantor é uma das principais vozes da chamada renovação da música portuguesa. Sua forma de interpretar se mostra fundamental para sustentar o interesse em regravações de clássicos já registrados por Gal Costa e Milton Nascimento, entre outros.

“Chico é um grande intérprete. Suas melodias não são fáceis de cantar, adoro a forma simples como ele as interpreta. Para gravar o disco só ouvi as interpretações dele, com exceção de Morena dos olhos d’água, da qual ouvi também a de Caetano. Em Portugal, teve muito isso de se avaliar um cantor pelos decibéis. Obviamente, sou contra isso”, diz Zambujo. Ele convidou a brasileira Roberta Sá para participação especial em Sem fantasia.

O desejo de ser discreto, mas ao mesmo tempo forte, mostra-se em cores vivas em Cálice, no arranjo que alterna agressividade e lirismo. E também surge de outra forma no calor do dueto com a conterrânea Carminho em O meu amor, que inclui sutis gemidos.

“Foi muito difícil cantar Cálice, tentar criar um ambiente intenso sem ser demasiado intenso no canto. Não gosto do cantor para o qual não basta cantar a música triste, ele tem que chorar. E O meu amor é muito sensual, erótica até. Carminho é explosiva, era a pessoa ideal para trazer essa sensualidade de forma intensa, mas com delicadeza”, conclui Zambujo

 

ATÉ PENSEI QUE FOSSE MINHA


. De António Zambujo
. Som Livre
. Preço médio: R$ 23

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