As sete faixas do álbum mostram uma artista heterogênea, consciente da sonoridade que é capaz de produzir. Em Não é proibido, Tássia exibe sua versatilidade com beats leves e psicodélicos. Se avexe não, por outro lado, aproxima a rapper da MPB. Nessa faixa, ela externa seu lado “vozeirão”, algo, até então, inédito para ela. A canção termina em samba, gênero que a influencia desde criança.
CLARA NUNES “Na infância, escutava basicamente o que meus pais ouviam em casa. E eles, nesse quesito, foram maravilhosos. Cresci ouvindo Clara Nunes e Fundo de Quintal. Isso tudo em Jacareí, no interior de São Paulo. Minha primeira lembrança musical surge com Ê baiana, da Clara. Depois, quando comecei a praticar danças urbanas, conheci a cultura hip-hop e passei a escolher o que queria ouvir”, afirma.
Tássia nunca se viu como cantora. Queria ser jornalista.
MULHER O principal tema das canções de Tássia é o empoderamento feminino. As letras falam abertamente sobre o controle do corpo da mulher negra e do machismo enfrentado por elas diariamente.
“O machismo está dentro do próprio rap, de todas as formas possíveis. Cite ao menos cinco rappers que você costuma ouvir. Aposto que são todos homens. Não vem mulher na sua cabeça, mas isso não significa que elas não existam no mundo do hip-hop”, afirma.
Para Tássia, as rappers estão em posição secundária e nunca vão ocupar o grupo da elite porque o sistema não permite que isso ocorra. “Há várias artistas que fizeram história no rap nacional, mas não são conhecidas. A invisibilidade é cruel e não permite que as mulheres cheguem lá.
Para Tássia, o diálogo está mais aberto, mas ainda falta chegar lá. “Só vou dizer que melhorou quando a mulher tiver as mesmas possibilidades de um homem. Isso, infelizmente, está muito longe de acontecer”, conclui.
OUTRA ESFERA
De Tássia Reis
Independente
iTunes: US$ 6,93
www.tassiareis.com.br