Junte uma “governanta” com uma “pirata cigana” e uma “doce alienígena”. E adicione uma pitada de cafeína. Essa “mistura transcendental” deu rock, ou melhor, deu swing, jazz e close harmony e se transformou num trio de artistas cheias de charme e talento: o Caffeine Trio.
“A gente conseguiu um estilo único. É um trio nonsense”, define a cantora lírica e atriz Sylvia Klein, que está no grupo desde seu começo, em 2008, ao lado de Renata Vanucci. A formação atual se completou em 2012, com a entrada de Carô Rennó, e a estreia oficial foi no festival I Love Jazz daquele ano.
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“Sempre nos cobraram isso, principalmente no exterior. Queriam alguma coisa física. Um registro mesmo do nosso trabalho. Foi uma luta, mas finalmente conseguimos. Acredito que estamos num momento de amadurecimento e, ao mesmo tempo, de transição”, diz Sylvia, que vive na ponte aérea BH-Berlim.
O trio também está prestes a concretizar um projeto acalentado há algum tempo com foco no repertório brasileiro da Era de Ouro do rádio. A partir desta quinta até domingo, o Caffeine Trio na Era do Rádio convida importantes artistas do cenário nacional no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), como parte das comemorações dos três anos da instituição.
Na estreia do projeto, o trio recebe Maria Alcina, interpretando Carmen Miranda. Esse show está reservado a convidados. Na sexta, elas dividem o palco com Arrigo Barnabé, relembrando canções de Lupicínio Rodrigues; sábado é a vez de Elza Soares, cantando seus sucessos daquele período.
E no domingo, Alaíde Costa apresenta as principais canções de seus mais de 50 anos de carreira.
ESSÊNCIA
“A gente queria há muito tempo fazer algo assim com a Big Band Palácio das Artes, que focasse em um repertório bem brasileiro e no estilo close harmony, que é a nossa marca. Mas aí a Big Band acabou, o projeto teve que dar uma remanejada, mas conseguimos fazer alguma coisa que trouxesse a essência daqueles Anos Dourados. E aí convidamos artistas bem bacanas que têm tudo a ver com aquele universo”, diz Renata Vanucci.
O trio estará acompanhado da banda formada pelos músicos Cláudio Faria (teclados), Pedro Crivellari (bateria), Sérgio Rabello (baixo) e Guilherme Vincens (guitarra e violão). Os arranjos das músicas inéditas no CCBB são de Avelar Jr.
As três cantoras sempre foram fãs daquela atmosfera dos anos 1930 e 1940. Renata se lembra de que na adolescência adorava Carmen Miranda. Já Sylvia é colecionadora de móveis e objetos vintage há muito tempo. Enquanto Carô Rennó é mais ligada aos filmes antigos e suas trilhas sonoras, como E o vento levou, O mágico de Oz e os clássicos de Alfred Hitchcock.
“As pessoas comentam que nosso trabalho é leve, divertido e o mais legal é que gente de todas as idades curte. As crianças costumam dizer que parece desenho animado. Fora do país, o público também fica alucinado com essa junção da música brasileira em close harmony. É um universo muito rico e interessante”, opina Carô.
CLOSE HARMONY
O close harmony ou harmonia fechada é uma forma de escrever a harmonia para os arranjos vocais dos trios das décadas de 1930 e 1940. É um estilo de escrita harmônica e não um estilo de jazz, pois nem todas as músicas arranjadas em close harmony pelos trios são jazz.
OS VÉRTICES DO TRIÂNGULO
Sylvia Klein (“A governanta”)
A artista que vive entre a Alemanha e Minas Gerais carrega em sua bagagem musical uma forte influência do movimento punk da década de 1980. Porém, foi nos palcos dos grandes teatros do Brasil e do exterior que ela se mostrou, através da ópera, a cantora, atriz e artista que é. Tem se destacado pelas sempre elogiosas produções de cantatas, missas e oratórios, como As estações de Haydn, a Nona sinfonia e Carmina Burana. Já cantou sob a regência de renomados maestros e foi dirigida pelos diretores Tizuka Yamasaki, Mario Corradi, Beppe de Tomassi, Bibi Ferreira e Carla Camurati.
Renata Vanucci (“A pirata cigana”)
A cantora que acaba de ser mãe de gêmeos foi premiada nos concursos BDMG Cantoras daqui e Jovens solistas. Cantou como solista na Missa solene (Rossini), Gloria (Vivaldi), Come ye sons of art (Purcell), Messias (Haendel) e atuou em montagem da ópera A flauta mágica, de Mozart. Pelos palcos, circulou não só como cantora, mas também como atriz, tendo atuado também na TV.
Carô Rennó (“A doce alienígena”)
A artista já foi premiada no Concurso Internacional de Canto Bidu Sayão (2008), na categoria Júri Popular, e no Concurso Jovens Solistas da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Participou da montagem de diversas óperas, atuando como solista e como corista. Desde 2007, é corista contratada do Coral Lírico de Minas Gerais. Bacharel em canto pela UEMG, Carô já se aventurou por alguns semestres nas ciências sociais na UFMG. Também já atuou em montagem de A cantora careca, de Eugène Ionesco.
Caffeine Trio na Era do Rádio e convidados
Dia 9 (Arrigo Barnabé), dia 10 (Elza Soares) e dia 11 (Alaíde Costa). Sempre às 20h30, no Teatro II do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB BH) – Praça da Liberdade, 450, Funcionários. Ingresso: R$ 10. Informações: (31) 3431-9400.