Quando criança, Angela Ro Ro, vira e mexe, escutava de conhecidos e parentes que lembrava Maysa, sobretudo pela cor dos olhos. Anos depois, quando decidiu seguir a carreira artística, as comparações se intensificaram. “Maysa era e é muito mais do que referência. Até hoje, é uma força da natureza, um grande mistério. Uma pessoa que tinha personalidade muito forte e vida intensa. Ela tem peso fundamental na música: é rock, é blues, é canção francesa. Maysa, um compêndio de paixão e amor, acabou sendo uma influência para mim, até meio sem querer”, destaca.
Nesta quinta-feira, as duas serão homenageadas em Palavras de amor – Canções de Angela Ro Ro e Maysa. Atração do projeto Mesa Brasil, o show integra as comemorações dos cinco anos do Sesc Palladium. Idealizado pelo produtor cultural Pedrinho Alves Madeira, o evento traz a cantora mineira Paula Santoro revisitando o repertório dessas duas mulheres que marcaram a história da MPB. Angela Ro Ro e a Mônica Salmaso fazem participações especiais.
“Angela Ro Ro e Maysa têm muito em comum. Além da semelhança física, são grandes cantoras e compositoras, falam de amor de uma maneira muito parecida. Sem contar que são intensas e ficaram à margem do padrão convencional de cantora”, comenta Madeira.
Paula Santoro, a “âncora” da apresentação, confessa: passou a admirar ainda mais as homenageadas depois de se aprofundar na obra delas. A “anfitriã” ressalta os arranjos criados por Rogério Delayon, responsável pela direção musical do show.
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“Tudo está muito bonito, inédito em todos os sentidos – sonoridade, concepção e repertório. Quem for ao Sesc Palladium vai ouvir Maysa, Angela Ro Ro e eu mesma de maneira completamente diferente, bem bacana. Gostaria que o espectador se abrisse a essa nova janela, a essa nova paisagem”, afirma Paula.
Cantar Maysa não é novidade para a mineira. Fã de Elis Regina, buscou referências na cantora gaúcha. “Elis vem da linhagem que começa em Ângela Maria, passa por Maysa e deságua nela própria. Ouvi muito as três”. Angela Ro Ro sempre fez parte do repertório de Paula, admiradora da contemporaneidade da autora de Amor meu grande amor.
“Angela Ro Ro e Maysa sempre me fascinaram. Não só como cantoras e compositoras, mas como figuras femininas. Elas me dão muito orgulho de ser mulher”, conclui Paula.
Três perguntas para
ANGELA RO RO, Cantora e compositora
O que acha desse projeto em homenagem a você e a Maysa?
Estou muito feliz e lisonjeada por ter meu trabalho e minha obra reconhecidos, ainda mais em Belo Horizonte, pois tenho raízes em Minas. Minha mãe era mineira. Mas é uma homenagem não só a mim e à Maysa, mas também a Paula Santoro, que é maravilhosa, com a participação superespecial da Mônica Salmaso.
Você gosta de encontros musicais?
Acho muito pungente e enriquecedor. A gente troca ideias com os colegas, faz novas amizades e novos contatos para trabalhos. Isso estimula a criatividade. Esse tipo de projeto é bom não só para os artistas, mas para a plateia também.
Há quem diga que não tem surgido nada de novo e bom na MPB. Você concorda?
O mundo inteiro está com uma sede e ansiedade de consumir e descartar impressionantes. Isso a gente faz com fósforo, isqueiro – você usa e joga fora. Arte não é assim. Não tem morte, não tem tempo e não é descartável. Claro que têm aparecido coisas novas e boas, mas tem tanta gente viva na ativa... Vamos, primeiro, desfrutar o que já temos. Acho bem mais interessante.