Sucesso absoluto, com entradas esgotadas, o show continuou em cartaz por várias cidades e chegou a incluir vozes convidadas de Selma Reis e Maria Alcina. Maduro, após uma trajetória quase três anos, o espetáculo foi registrado ao vivo, em estúdio, no início do ano, e agora sai em CD, pelo recém-criado selo Conexão Musical, de Fran Carlo.
Concerto para Pixinguinha, com 13 faixas, é uma sólida incursão por uma seleção de temas que vão dos sempre indispensáveis Urubu malandro, Lamentos, Rosa e Carinhoso a outros que costumam ser desfilados apenas por especialistas, como São Lourenço no vinho, Displicente e Recordações. A impressão que se tem é que Vânia, que já fez belos trabalhos com autores como Edu Lobo, Arrigo Barnabé, Caetano e Tom Jobim, estava afiando o estilo para chegar a Pixinguinha. E Marcos Paiva traz para palco e disco o misto de jazz e bossa que ostentou com sucesso no disco Meu samba no prato – Tributo a Edison Machado, de 2012, em que celebrava a música do baterista Edison Machado (1934-1990), um estilista que marcou a batida do samba moderno e da bossa nova.
O disco abre com Isso é que é viver, em que, após feérica e curta abertura instrumental, Vânia conduz a melodia e a letra de Hermínio Bello de Carvalho com todo sentimento, com o quarteto tecendo delicada textura que vai crescendo, com paciência e firmeza. O clima segue em Rosa (com letra de Otávio Souza) e explode na instrumental Seu Lourenço no vinho (parceria com Benedito Lacerda), como fosse uma jam session de final de noite, num antigo nightclub. Antes de um Carinhoso econômico e contido, vem Fala baixinho (também com letra de Hermínio), em que o intimismo dos versos (pra eu fala baixinho só ouvir) ganha equivalência na interpretação estudada delicadeza.
Com uma abertura que soa meio jobiniana, Cochichando é outro acerto instrumental, com o baixo conduzindo o grupo em diálogos bem construídos.
O disco chega à reta final com a nostalgia cheia de imagens da instrumental Recordações e fecha com uma leitura com jeito de encerramento de musical de Urubu malandro (João de Barro/Louro), derradeira demonstração de que a empreitada foi bem sucedida e merece o sucesso que vem tendo entre plateias de fino trato..