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O primeiro encontro rendeu uma turnê, que rendeu um disco ao vivo (lançado em 2013, celebrando os 50 anos de carreira e 70 de idade de Valle) e uma grande amizade, que é referendada em um novo trabalho, Marcos Valle & Stacey Kent – Live at Birdland – New York City (CD e dois DVDs, um com show e outro com um documentário, Sony Music, R$ 64,90).
No encontro no palco, Stacey se debruça, com graça, no repertório bossa-novista. De Valle, estão canções essenciais do compositor que é parte da segunda geração da Bossa Nova. Encontram-se no álbum, por exemplo, Batucada, The answer, The face I love, além de uma nova gravação para Samba de verão (aqui, Summer samba). A novidade, para ambos, é uma canção que marca a primeira (e única) parceria de Marcos Valle com Vinicius de Moraes (1913-1980).
PARCERIA Em vida, Vinicius, pródigo em parceiros, nunca assinou nada com Valle. Pois muito recentemente a parceria se concretizou, pelas mãos de Carlos Lyra, na música Amando demais (gravada ao vivo e em estúdio). É o próprio Valle quem conta: “Alguém da imprensa entregou para a família de Vinicius, que entregou para o Carlinhos uma letra (do próprio Vinicius). Embaixo, havia a anotação: ‘Carlos Lyra’. Aí ele pensou que não faria a música, mas sim criaria uma parceria que não tinha existido”. Pois num encontro em 2013 para celebrar o centenário de Vinicius, Carlinhos Lyra se levantou, fez um pequeno discurso e entregou a letra a Valle, que veio a registrá-la agora com Stacey.
Como não queria fazer apenas mais um disco com a cantora, Valle aumentou o projeto: um documentário que registrasse o encontro dos dois. Charles Gavin se responsabilizou pelo registro, gravado em Tóquio e Nova York. Com uma câmera onipresente, o ex-Titã acompanha os dois mais seus respectivos pares (a cantora é casada com o saxofonista Jim Tomlinson, seu parceiro constante), os músicos (a banda que viaja com eles é a de Valle) e tudo o que cerca uma turnê.
O respeito dos japoneses pela bossa nova é notório. Mas é interessante observá-los de perto e no tempo certo, com uma câmera respeitosa – seja o garoto que pede para tirar uma foto numa loja de discos; seja o crítico japonês analisando a música em um português com sotaque. “O japonês te ouve em silêncio total. Quando você acaba, eles são empolgadíssimos, mas, na hora que volta a tocar, sequer respiram”, conta Valle.
Depois de terem CD e DVDs em mãos, Valle e Stacey voltaram outra vez aos palcos na semana passada, com apresentações em São Paulo e no Rio de Janeiro. Por ora, não há previsão de mais shows. “A Stacey tem o trabalho dela, e eu, o meu. O projeto não é imediato e como ela nunca tinha feito um DVD, tem um carinho por ele. Essa história vai ser a longo prazo”, diz ele.