Ele se refere ao convite do mineiro Luiz Gabriel Lopes, com quem vai se apresentar amanhã, no Teatro Bradesco. E retribui a consideração: “Estou estudando as músicas de Luiz Gabriel para cantar certinho. Ele faz música bonita e caprichosa”.
O encontro é parte do projeto Vozes do Brasil, que reúne duplas de cantores e compositores. Esta noite, os convidados são Frederico Heliodoro e Lô Borges.
O fazedor de rios, de Luiz Gabriel, faz parte do repertório do convidado. Por sua vez, Gabriel vai interpretar Estampas Eucalol, de Xangai. Juntos e sozinhos, eles apresentarão repertório essencialmente autoral. “Canções que tiro da cartola de acordo com o momento”, avisa Xangai, sem adiantar o que vai mostrar.
Mineiro criado na Bahia, Xangai traz na bagagem o CD recém-lançado, só de voz e violão, com produção de Mário Ulloa, “um dos melhores violonistas do Brasil”, segundo ele.
O trabalho concorreu nas categorias melhor disco e melhor cantor regional do Prêmio da Música Brasileira 2016 – venceu a última. “Agradeço a premiação, mas não sou cantor regional, sou universal. Não me encaixo em rótulos”, afirma.
DE DENTRO Xangai diz que não é cantor, mas cantador. “O cantador canta a circunstância dele, a música que faz vem de dentro para fora. Ele só canta o que quer, o que expressa o real sentimento dele. A música é que pede para ser cantada”, define.
Ele enumera os cantadores brasileiros: Gilberto Gil, Chico Buarque, Cartola, Adoniran Barbosa, Lupicínio Rodrigues e Renato Teixeira. “O maior deles, o mestre, é Elomar”, acrescenta.
Ser cantador não é melhor do que ser cantor – “Há cantadores que cantam mal”, observa Xangai. Inclusive, há quem cumpra os dois papéis, como Milton Nascimento. A diferença é que a música do cantor é marcada pela digital dele, que faz dela algo absolutamente impossível de clonar.
Arredio a classificações, Xangai evita definições muito fechadas sobre seu trabalho. Primeiro, prefere explicar que é rigoroso, “extremamente exigente”. Por isso, sua obra é reduzida. Ele não esconde o gosto “pela beleza, sofisticação e simplicidade, que pluraliza tudo e toca fundo no coração”.
VOZES DO BRASIL
Hoje, às 21h: Frederico Heliodoro convida Lô Borges Amanhã, às 21h: Luiz Gabriel Lopes convida Xangai. Teatro Bradesco. Rua da Bahia, 2.244, Lourdes, (31) 3516-1360. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)..