Cabelos coloridos, megaproduções, coreografias elaboradas, culto ao corpo e música pop fazendo a cabeça de jovens brasileiros. Não, não estamos falando da indústria fonográfica americana. Aliás, estamos do outro lado do mundo. Mais especificamente na Coreia do Sul, país que vem exportando para o Brasil o K-pop, como é chamada sua produção musical jovem e dançante. O sucesso dos grupos asiáticos é tanto que na última terça-feira entrou no ar a primeira web rádio brasileira dedicada ao K-pop com programação ao vivo.
A Rádio K-pop Brasil é um projeto das amigas Amanda Aparecida, Julia Guimarães e Stephany Toso. Com site noticioso, aplicativo para Android e planos para sua versão para iOS, a nova estação virtual já marca presença em redes sociais, do Facebook ao Snapchat.
A escolha é estratégica: os fãs do pop coreano estão maciçamente na web. Em uma disputa entre países realizada no Twitter, foram os brasileiros quem saíram vitoriosos, mantendo por mais tempo o grupo BanTan Boys, que atende pela sigla BTS, entre os assuntos mais comentados. Como recompensa, os garotos gravaram um vídeo agradecendo aos fãs – em português.
Entre as autoras da iniciativa da Rádio K-pop Brasil, Stephany Toso, de 23 anos, é a mais recente adepta do estilo, que ela conheceu há apenas um ano. Julia Guimarães, de 24, e Amanda Aparecida, de 21, tiveram seu primeiro contato com o K-pop em 2011. A primeira conheceu o estilo via YouTube, influenciada por amigas. A segunda, em um evento de animes realizado em Belo Horizonte. Criados para reunir fãs de animações japonesas, esses eventos têm aberto espaço para que grupos cover de K-pop também se apresentem. Essa é uma das razões para que cada vez mais mineiros tenham aderido à febre da música coreana, segundo o produtor Mozart Gomes.
Com a produtora Gafanhoto Cultural, Mozart, de 30, realiza festas temáticas de K-pop desde 2011. “A primeira foi um fracasso”, recorda. Mas ele insistiu. Para sua sorte, em 2012 estourava o hit do Psy. Com audiência inédita no YouTube, Gangnam style fez dobrar o público do evento de Mozart.
No mês que vem deve ocorrer a 15ª edição da festa K-pop. Se antes eram realizados apenas dois encontros anuais, agora são no mínimo quatro. Além da pista de dança livre, esses encontros reservam espaço também para a apresentação de grupos e solos covers de dança e canto.
Para Mozart, o sucesso do estilo tem relação com a proximidade com o pop americano. “A única barreira é o idioma, pois o som é parecido e até as coreografias são semelhantes”, analisa.
No ano passado, ocorreu a primeira edição da K-pop Dance Battle em Belo Horizonte, no Parque Municipal. Um dos organizadores, Hugo Menezes, de 20, se diz muito feliz com o resultado do encontro, que rendeu um “grande círculo de curiosos em volta dos grupos que disputavam as batalha de dança”. Diante do resultado, Menezes planeja outra edição para este ano.
Grupos asiáticos lotam casas de show no Brasil
O interesse crescente do brasileiro pela música coreana torna as apresentações de covers eventos com público garantido, mas não são o suficiente para matar a sede de K-pop. É aí que entra a produtora belo-horizontina Highway Star.
Em 2015, a empresa trouxe o grupo BTS para uma apresentação em São Paulo. “Os ingressos se esgotaram em três minutos. Foi o nosso evento que vendeu mais rápido”, afirma Laiza Kertscher, de 25 anos. A demanda foi tamanha que o show precisou ser transferido para uma casa maior. Este ano a produtora repetiu a dose, mas com outro grupo, o Uniq, que realizou em São Paulo seu primeiro show fora da Ásia.
“É um movimento recente. A gente sentiu que começou a crescer faz uns seis anos”, diz Laiza. Ela explica que a ideia de trazer para o Brasil grupos de K-pop veio naturalmente, por ser uma demanda comum da própria equipe da produtora, onde todos gostam do pop coreano. “Eles moldam ídolos, o que é muito interessante. E o som deles é bem familiar para quem acompanha os animes e os mangás”, comenta.
Laiza, aliás, é exceção: conheceu o estilo através de um CD que ganhou de uma prima, que, por sua vez, ganhou de um amigo coreano. É incomum encontrar coreanos nos grupos de K-pop e até mesmo nos encontros que ocorrem em Belo Horizonte. Ouvir as músicas via disco físico também é raridade. “A movimentação se dá principalmente pelas redes sociais”, afirma a produtora.
K-popper assumida, Juliana Costa, de 23, mantém duas páginas no Facebook dedicadas ao grupo Got7. Com mais de 12 mil seguidores, a I Got7 Brasil foi a primeira fanbase dedicada ao grupo sul-coreano no país. Hoje, a página é focada na divulgação de projetos e trabalhos de fãs. Já a Elo GOT7 Brasil, que acumula quase 20 mil curtidores, é uma fanpage atualizada diariamente com fotos, vídeos e informações sobre o grupo ou seus integrantes.
Para gerar conteúdo que alimente a sede de informação do público brasileiro, a página conta com três tradutoras que vertem para o português reportagens de revistas coreanas. Uma quarta é responsável pela tradução e encode de legendas em vídeos. “Na equipe tem gente que ainda está na escola, tem gente que trabalha e vai ajudando quando consegue”, explica Juliana. Detalhe: nenhuma delas recebe pelo trabalho que desenvolve. “A gente faz isso por amor, mas não é só isso, é que os fãs dependem da gente”, argumenta.
Embora existam outras fanbases, Juliana diz que nem todas se preocupam em transmitir as notícias com cuidado e tradução responsável, o que pode ser desastroso no relacionamento com os leitores. “Tem fã que pira, chora, arranca os cabelos, passa mal só porque o ídolo teve uma queda de pressão”, explica. “Nunca imaginei que chegaríamos a conquistar um público tão grande. Só queria transmitir as atualizações direito”, diz.
A Rádio K-pop Brasil é um projeto das amigas Amanda Aparecida, Julia Guimarães e Stephany Toso. Com site noticioso, aplicativo para Android e planos para sua versão para iOS, a nova estação virtual já marca presença em redes sociais, do Facebook ao Snapchat.
A escolha é estratégica: os fãs do pop coreano estão maciçamente na web. Em uma disputa entre países realizada no Twitter, foram os brasileiros quem saíram vitoriosos, mantendo por mais tempo o grupo BanTan Boys, que atende pela sigla BTS, entre os assuntos mais comentados. Como recompensa, os garotos gravaram um vídeo agradecendo aos fãs – em português.
Entre as autoras da iniciativa da Rádio K-pop Brasil, Stephany Toso, de 23 anos, é a mais recente adepta do estilo, que ela conheceu há apenas um ano. Julia Guimarães, de 24, e Amanda Aparecida, de 21, tiveram seu primeiro contato com o K-pop em 2011. A primeira conheceu o estilo via YouTube, influenciada por amigas. A segunda, em um evento de animes realizado em Belo Horizonte. Criados para reunir fãs de animações japonesas, esses eventos têm aberto espaço para que grupos cover de K-pop também se apresentem. Essa é uma das razões para que cada vez mais mineiros tenham aderido à febre da música coreana, segundo o produtor Mozart Gomes.
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No mês que vem deve ocorrer a 15ª edição da festa K-pop. Se antes eram realizados apenas dois encontros anuais, agora são no mínimo quatro. Além da pista de dança livre, esses encontros reservam espaço também para a apresentação de grupos e solos covers de dança e canto.
Para Mozart, o sucesso do estilo tem relação com a proximidade com o pop americano. “A única barreira é o idioma, pois o som é parecido e até as coreografias são semelhantes”, analisa.
No ano passado, ocorreu a primeira edição da K-pop Dance Battle em Belo Horizonte, no Parque Municipal. Um dos organizadores, Hugo Menezes, de 20, se diz muito feliz com o resultado do encontro, que rendeu um “grande círculo de curiosos em volta dos grupos que disputavam as batalha de dança”. Diante do resultado, Menezes planeja outra edição para este ano.
Grupos asiáticos lotam casas de show no Brasil
O interesse crescente do brasileiro pela música coreana torna as apresentações de covers eventos com público garantido, mas não são o suficiente para matar a sede de K-pop. É aí que entra a produtora belo-horizontina Highway Star.
Em 2015, a empresa trouxe o grupo BTS para uma apresentação em São Paulo. “Os ingressos se esgotaram em três minutos. Foi o nosso evento que vendeu mais rápido”, afirma Laiza Kertscher, de 25 anos. A demanda foi tamanha que o show precisou ser transferido para uma casa maior. Este ano a produtora repetiu a dose, mas com outro grupo, o Uniq, que realizou em São Paulo seu primeiro show fora da Ásia.
“É um movimento recente. A gente sentiu que começou a crescer faz uns seis anos”, diz Laiza. Ela explica que a ideia de trazer para o Brasil grupos de K-pop veio naturalmente, por ser uma demanda comum da própria equipe da produtora, onde todos gostam do pop coreano. “Eles moldam ídolos, o que é muito interessante. E o som deles é bem familiar para quem acompanha os animes e os mangás”, comenta.
Laiza, aliás, é exceção: conheceu o estilo através de um CD que ganhou de uma prima, que, por sua vez, ganhou de um amigo coreano. É incomum encontrar coreanos nos grupos de K-pop e até mesmo nos encontros que ocorrem em Belo Horizonte. Ouvir as músicas via disco físico também é raridade. “A movimentação se dá principalmente pelas redes sociais”, afirma a produtora.
K-popper assumida, Juliana Costa, de 23, mantém duas páginas no Facebook dedicadas ao grupo Got7. Com mais de 12 mil seguidores, a I Got7 Brasil foi a primeira fanbase dedicada ao grupo sul-coreano no país. Hoje, a página é focada na divulgação de projetos e trabalhos de fãs. Já a Elo GOT7 Brasil, que acumula quase 20 mil curtidores, é uma fanpage atualizada diariamente com fotos, vídeos e informações sobre o grupo ou seus integrantes.
Para gerar conteúdo que alimente a sede de informação do público brasileiro, a página conta com três tradutoras que vertem para o português reportagens de revistas coreanas. Uma quarta é responsável pela tradução e encode de legendas em vídeos. “Na equipe tem gente que ainda está na escola, tem gente que trabalha e vai ajudando quando consegue”, explica Juliana. Detalhe: nenhuma delas recebe pelo trabalho que desenvolve. “A gente faz isso por amor, mas não é só isso, é que os fãs dependem da gente”, argumenta.
Embora existam outras fanbases, Juliana diz que nem todas se preocupam em transmitir as notícias com cuidado e tradução responsável, o que pode ser desastroso no relacionamento com os leitores. “Tem fã que pira, chora, arranca os cabelos, passa mal só porque o ídolo teve uma queda de pressão”, explica. “Nunca imaginei que chegaríamos a conquistar um público tão grande. Só queria transmitir as atualizações direito”, diz.