“Sou rapper e gay.
“Minha música celebra a diversidade. Sou produto do meu tempo”, afirma Dalasam. Ele faz crônicas debochadas sobre a vida de luxo, poder e sexo. Conta que a ênfase na estética vem do fato de já ter atuado como estilista e porque ajuda a contar as histórias. Rico até fala de preconceitos e discriminação (“Sou preto, gay e da periferia, então conheço isso a vida inteira”), mas em meio a outras questões. “Estou construindo um lugar para o que faço”, explica. Consciente, reconhece ser um pioneiro. No meio musical, até se sente solitário na luta por outra estética. “Mas esse sentimento não é maior do que a solidão que sinto na vida”, observa, ferino.
Na origem do que faz está a admiração pelo hip-hop.
O desafio para quem faz música hoje é colocar o nosso tempo na arte, diz. “Sou otimista, apesar de tudo. Para quem faz parte de alguma minoria, a vida sempre foi difícil. Ainda vivemos tempos de trabalho para chegar a um tempo bom”, afirma.
No palco, diz Barreto, a música faz dialogar reggae, samba, cumbia, trio elétrico, pop, instrumental, eletrônica e guitarra baiana, além do interesse pela “cultura do grave” – do baixo marcante.
“O desafio posto a quem faz música hoje é se permitir experimentar”, defende Roberto Barreto.
A presença da guitarra baiana (“cavaquinho de cinco cordas com afinação de bandolim”), inventada por Armandinho (da Costa Macêdo), não é secundária, explica. Desde a origem do projeto houve o interesse em afirmar “o instrumento que tem importância histórica” para a música da Bahia, mas estava sendo esquecido devido ao pouco uso. Além disso, o coletivo afirma a vontade de colocá-lo em diálogo com violão, rabeca, viola e cítara. Para o músico, “colocar o intrumento para trabalhar” é um modo de mantê-lo vivo. “Simplesmente usar, sem ficar olhando para trás”, sugere, pedindo que se tire a guitarra baiana “da prateleira onde ela foi guardada” – ou seja, os trios elétricos.
Luana Mariano - Uma pianista com formação clássica, encantada com a música negra. Assim se define a cantora e compositora paulista Luana Mariano, de 35 anos. Formada em medicina, ela mora em Nova Lima, na Grande BH. No festival, ela vai lançar o EP The lioness. Tem jazz, rock e blues com base clássica. “É algo com o suíngue desses gêneros populares com a diversidade melódica do clássico”, define. Ela estará no palco com piano e banda. “Precisamos romper a ideia de que existe um muro entre o clássico e o popular. É tudo uma alma só, uma única cultura”, afirma.
Luana Mariano nasceu em família que cultiva a MPB. Estuda piano desde criança e fez curso em Viena. Na adolescência, encantou-se com as divas do jazz. Ela ficou impactada ao descobrir que Nina Simone (“ícone artístico, social e de empoderamento feminino”) era pianista e, devido a problemas sociais, teve de buscar outro rumo para a música que fazia. “Isso mudou a minha vida”, recorda, apontando episódio que a levou para o campo popular.
Mercy, Where’your spirit ou Brune star são canções que o público ouvirá no festival. Ainda que cante também em português, o fato de trabalhar no exterior a fez incluir canções em inglês no repertório. A carreira internacional de Luana teve início quando integrou o duo Sambulus, com dois álbuns lançados. Um deles dedicado a Jimi Hendrix, autorizado pela família do guitarrista, saiu em Londres por ocasião dos 40 anos de morte do instrumentista.
SÁBADO
PALCO COLORADO
12h......... Abertura: DJ Zeu
14h......... Chico Chico e Júlia Vargas
15h20..... DJ Aline Prado
16h......... Tiago Iorc
17h20..... DJ Yuga
18h......... Curumin
19h20..... DJ Jahnu
20h........ Mart’nália
PALCO PIVÔ STAGE
13h20..... Ben Roots
15h20..... Daparte
17h20..... 9ora
19h20..... Luana Mariano
DOMINGO
PALCO COLORADO
12h......... DJ Jahnu
13h......... Gustavo Maguá
14h......... DJ Deivid
14h40..... Bixiga 70
16h......... DJ Jahnu
16h30..... Rico Dalasam
17h30..... DJ Zeu
18h......... BaianaSystem
19h20..... DJ Tamenpi
20h........ Vanessa da Mata
PALCO PIVÔ STAGE
14h......... Lagum
16h......... Adrianna Moreira
17h30..... Sofranz
19h20..... Preto Massa
FESTIVAL DE INVERNO DE BELO HORIZONTE
Amanhã e domingo, das 12h às 22h. Shows, exposição, projeto Leve um Livro, sessões de autógrafos de livros de autores independentes, vila gastronômica, espaço kids, live graffiti e performances do Circo em Cena. Parque das Mangabeiras. Rua Flor de Macieira, s/ nº, Mangabeiras. Ingressos/por dia: R$ 60 (inteira) e R$ 40 (meia). Passaporte/dois dias: R$ 100 (inteira) e R$ 70 (meia). Classificação: 18 anos. Menores devem estar acompanhados dos pais ou de responsáveis legais.