Rio de Janeiro – De nascimento, o nome é Bernadete Dinorah. Entre os familiares, Baibynha. No mundo artístico, pode ser Baby Consuelo, como ela ficou conhecida no grupo Novos Baianos, ou, simplesmente, Baby do Brasil, como assina agora. Não importa a alcunha. Baby é uma das artistas mais importantes para a música brasileira. E agora voltou com tudo.
Em 2015, a cantora lançou o disco Baby sucessos – A menina ainda dança, com os principais hits da carreira. O material rendeu a turnê que rodou o país. Ela também participou do Rock in Rio ao lado do ex-marido Pepeu Gomes. Foi uma sensação. Este ano, Baby participa do projeto Se ligaê – música comemorativa aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro – em parceria com Sérgio Mendes e Rogério Flausino.
Tem mais: a volta dos Novos Baianos é fato. Não se limitou a um festival realizado em Salvador, em maio. Em 10 de setembro, o grupo canta no BH Hall, na capital mineira, depois de passar por São Paulo (12 e 13 de agosto) e Rio de Janeiro (2 e 3 de setembro). Preços de ingressos para a turnê mineira ainda não foram anunciados.
SONHO “Na minha vida, as coisas acontecem em um minuto. Voltei com a minha carreira com o Baby sucessos, convidei Pepeu para o meu show no Rock in Rio. Agora tem esse projeto maravilhoso (Se ligaê) e, no meio disso tudo, estou começando a sonhar com um CD novo”, diz.
Baby compôs oito letras enquanto se prepara para a turnê Acabou chorare – Novos Baianos se encontram, ao lado de Paulinho Boca de Cantor, Moraes Moreira, Luiz Galvão e Pepeu Gomes. “O grande barato é conciliar todas as agendas, mas quem conciliou seis filhos com a carreira não tem problema algum. Até porque sou muito hippie, apesar de chique. Brinco dizendo isso porque topo qualquer coisa. Pra mim, não há problema. Meus filhos estão grandes, estou adolescente de novo”, completa.
Baby está convicta de que o legado dos Novos Baianos já faz parte do imaginário brasileiro. “As crianças amam, tem todo um novo público que abraçou o grupo. Os pais querem inserir a gente na formação musical dos filhos devido a essa brasilidade e modernidade”, constata ela.
ENTREVISTA
Como você consegue se dividir entre a turnê Baby sucessos, os novos shows dos Novos Baianos e o projeto Se ligaê?
O grande barato é conciliar as agendas, mas quem conciliou seis filhos com uma carreira não tem problema algum. As pessoas não têm noção das coisas que topo fazer. Amo subir em montes, amo fazer minha casa de cabana. Se me convidam para ir a Nova York, penso: Cadê a roupa.? Quer saber? Compro lá. Tenho espírito hippie. Agora meus filhos é que me pegam no colo. Sou avó de uma menina de 25 anos que me chama de Baibynha, porque não consegue me chamar de avó. Acho que sou a avó do apocalipse, do terceiro milênio. (risos)
Quais são os planos para o futuro?
Comecei a virada do ano percebendo que o Baby sucessos teve uma trajetória que se prolongou demais, pois ninguém quer que a turnê acabe. Estou tentando fingir, ver se vamos para outro show, mas o povo quer de novo. Tem músicas que tocaram muito e há essa coisa da memória. Não podia imaginar que a galera cantaria algumas delas. Tem hora em que penso: preciso chorar. É delicioso. Isso me contagiou muito e o projeto se estendeu. Foi sucesso de bilheteria em todos os lugares. Paralelamente, comecei a compor para um novo disco.
Como será esse próximo CD?
Comecei a ficar apaixonada por esse disco novo, pois o Baby sucessos não trouxe todos os hits. Poderia ter um segundo, mas não é o momento para uma continuidade. Quero mostrar como penso hoje, qual é a minha onda, os meus parceiros. É o momento de compartilhar. Comecei pensando em lançar agora, mas aconteceram muitas coisas, então pensei que é melhor segurar. Uma coisa não pode atrapalhar a outra. Já convidei Sérgio Mendes e Rogério Flausino para esse projeto. Também tenho um CD gospel pronto, produzido pelo Tom Brooks (produtor de música gospel norte-americana), gravado em Los Angeles.
Quando será lançado o projeto gospel?
Estou esperando o momento propício para que todo mundo possa conhecer o gospel da Baby, com aqueles corais americanos. É um CD lindo. Estou vendo o momento em que ele pode entrar, sem criar aquela aura de religiosidade, porque não é isso. Quando entro para o lado gospel, não é para faturar, ganhar dinheiro. É missão. Embora seja o maior público, o que mais vende CDs, não tenho condição no meu caráter de fazer gospel pensando em mercado.
Como surgiu o convite para gravar Se ligaê com Sérgio Mendes e Rogério Flausino?
É incrível como as coisas têm força quando elas precisam acontecer. Existe algo por trás de tudo isso, essa conexão que nem tínhamos em nossas vidas. São três pessoas que têm tudo a ver com este momento brasileiro, com suas escolhas lá atrás. Sérgio, como músico, um intérprete, um artista dos mais famosos do mundo. Ele saiu de Niterói com seu piano. Acreditou nele mesmo, acreditou numa mudança, fez uma virada. Ele foi lá, agarrou seu sonho e agiu. Rogerinho (Flausino) saiu de Alfenas, no interior de Minas. Foi lá, acreditou, teve aquela coragem, aquela ousadia. Hoje é conhecido no Brasil inteiro, tem fã no mundo todo. Eu saí de Niterói, acreditei, fui bater na Bahia. Meu avô era casado com baiana, mas o que aconteceu foi incrível. Acabei sendo Novos Baianos, que é sem h porque sou da Baía de Guanabara. Entrei no meio e tinha que fazer o Bahia sem h. É muita honra. Enfim, todos temos uma característica idêntica: coragem, ousadia. A gente acredita na garra de quando você tem um foco e vai buscá-lo.
Se ligaê é uma canção comemorativa aos Jogos Olímpicos...
É tão lindo você ver um jovem que começou incentivado pelo esporte, como você vê crianças sendo incentivadas pela música. A gente sabe que está lidando com algo de excelência. O esporte é sensacional, tem recuperado pessoas. É lindo! Eu me sinto um pouco atleta. Já joguei, já fui ponta direita lá nos Novos Baianos, fiz alguns gols. Gol de coxa... Aí, engravidei da minha primeira filha e pensei: Não vamos esculhambar tanto. Teve um jogo sensacional: estava na primeira semana de gravidez, e o Gilberto Gil era o goleiro. E fiz o gol. Peguei aquela bola com areia da praia e dei um nó em todo mundo.
A repórter viajou a convite da Musickeria