“É MPB contemporânea, encontro das águas”, define Vercillo, referindo-se à mescla de balanços brasileiros com reggae e blues, por exemplo. O artista conta que cresceu nos anos 1980 e aprofundou esse aspecto, “mas procurando intensidade e densidade”.
Entre as faixas do novo disco que definem o atual momento ele cita Amparados, Luzes que se movem pelo céu e Vida é arte. Todas dão vazão a algo de que ele gosta: falar de amor e da vida, mas abrindo espaço para o transcendental. “Somos mais do que matéria”, observa. “O amor de que falo nem sempre é aquele entre duas pessoas, mas algo maior, ligado ao além, a elementos que levam à evolução humana e à consciência”, explica.
O cantor e compositor diz que o jazz – “inclusive como sentimento” – está em seu trabalho, assim como a MPB, “a melhor música popular do mundo, talvez das galáxias”. De um vem o gosto pelo improviso e o intuitivo; da outra, “a aura de qualidade e criatividade”, que faz com que sonoridades do Brasil sejam sempre surpreendentes. Por isso, o carioca faz reverência ao Clube da Esquina.
O compositor apoia a educação musical nas escolas. “Precisamos formar muitos – e bons – ouvintes”, defende. “Músicos bons já temos.” E avisa: não tem preconceito quanto a gênero ou estilo, mas se reserva o direito de discutir a qualidade das composições. Tem consideração pelas letras, mas ama as belas melodias, “o absoluto na música”, enfatiza, solfejando Travessia ao telefone. “Canções assim emocionam, exaltam o ouvido, ficam na memória”, defende.
Vercillo lamenta que o sistema leve o compositor a acreditar que só se faz sucesso “com o raso e o simples”. E critica: “Saímos da ditadura militar para a ditadura estética e econômica”.
JORGE VERCILLO
Show hoje, às 21h, no Cine Theatro Brasil Vallourec, Praça Sete, Centro, (31) 3201-5211. Ingressos: Setor 1: R$ 150 e R$ 75 (meia); Setor 2: R$ 130 e R$ 65 (meia)
.