“Jacob do Bandolim é o meu preferido tocando choro. Pixinguinha e todo mundo vêm depois. Além do suingue, ele tem um romantismo que me toca muito. Daí, imaginei um regional de choro, mas, em vez de o solista ser cavaquinho ou flauta, seria a viola. Comecei a compor as músicas para um projeto de shows, sem pensar em disco. Fomos tocando e, no meio disso, veio o convite da gravadora (Biscoito Fino).
A viola caipira, no caso, não é bem uma viola caipira. Em vez de cinco pares de cordas, ela tem seis – e é afinada como violão. “Sou um guitarrista que gosta de tocar viola. Estava conversando com o violeiro Ivan Vilela sobre a falta que sentia desse sexto par de cordas, e ele encomendou a um luthier uma viola desse jeito para me dar de presente. É um instrumento muito perseguido em termos de conservadorismo”, diz o músico.
Heraldo reuniu Edmilson Capelupi (violão de sete cordas), Cléber Almeida (percussão) e o filho, Luís do Monte (violão). Viajou de São Paulo para o Rio de Janeiro para gravar, o que não levou mais de dois dias. Das nove faixas que selecionou, sete são autorais: Pra Lurdes, Doçura, Torto, Moreneide, Choro de viola, Esperando a feijoada e Inteiriço. Paralelamente, providenciou os arranjos de Lamentos (Pixinguinha e Vinicius de Moares) e Doce de coco (Jacob do Bandolim).
“Doce de coco está entre as músicas tocadas com mais notas erradas. Aquela frase que toco devagarinho, na paradinha, nota por nota, dificilmente é executada certo. Fico chateado com quem não ouve Jacob e vai ouvir gravações de quem já mexeu e já errou. Fora isso, os músicos têm na imaginação o que gostariam que fosse aquela sequência de notas, mas terminam estragando a composição”, adverte.
MATURIDADE
O fato de ter currículo extenso como guitarrista lhe traz plenitude – não no sentido da vontade de se aposentar, mas de enxergar sorte em cada experiência com nomes relevantes da música brasileira. A lista é longa: Edu Lobo, Elomar, Arthur Moreira Lima, Quinteto Violado, Teca Calazans, Walter Wanderley, Paulo Moura e Dominguinhos, entre muitos outros.
“Aprendi a tocar com orquestra, a ser louco trabalhando com Hermeto Pascoal e fiz essa coisa de músico profissional na época em que havia boom de gravações. Numa noite, por exemplo, estava de smoking em São Paulo acompanhando o Michel Legrand.
Heraldo do Monte
. Gravadora Biscoito Fino
. Lamentos (Pixinguinha e Vinicius de Moraes)
. Doce de coco (Jacob do Bandolim)
. Pra Lurdes (Heraldo do Monte)
. Torto (Heraldo do Monte)
. Moreneide (Heraldo do Monte)
. Choro de viola (Heraldo do Monte)
. Doçura (Heraldo do Monte)
. Esperando a feijoada (Heraldo do Monte)
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