Pois a despeito da ausência de trabalho com a voz, Zizi é conhecida por um dos cantos mais limpos da música popular e por sua versatilidade. Coloca a voz à prova num de seus projetos mais duradouros e também mutantes: o show Voz e piano, que leva hoje ao Palácio das Artes.
“Um show de piano e voz é extremamente simples, mas, na verdade, muito complicado. Se não estiver completamente entregue, ele terá lacunas. Tenho que suprir todo o hiato de atenção que poderia surgir. Se o Jether errar, erro também. Então, exige muito da gente”, conta ela, que começou o projeto em 1999.
“Quando o show começou a fazer muito sucesso, gravei o disco Puro prazer, que vendeu muito, foi indicado a três categorias do Grammy, mas ficou na surdina. Tem gente que nem sabe que ele existe. Desde então, vim fazendo este show, só que mudando o repertório”, acrescenta.
Na nova edição, o repertório traz sucessos de uma carreira que vem se aproximando dos 40 anos. Estão lá canções como Caminhos de sol, Asa morena, A paz e Per amore. Há ainda músicas de seu álbum mais recente, Tudo se transformou (2014), como Cacos de amor (Luiz Possi e Dudu Falcão), Disparada (Geraldo Vandré) e Meu mundo e nada mais (Guilherme Arantes). A apresentação conta com canções que ela nunca gravou. O standard Fly me to the moon (Bart Howard, do repertório de Frank Sinatra) aparece em versão eletroacústica. “Quando você muda a formação musical, você também muda a sonoridade e a possibilidade rítmica, o ponto de vista interpretativo”, explica Zizi.
ASSUNTO PROIBIDO
O show Voz e piano é um dos dois projetos que ela traz no repertório. O outro, Na sala com Zizi, que ela apresenta com um quarteto, é uma espécie de biografia musical.
Em meio a duas dezenas de álbuns e à série de shows que já protagonizou, ela sonha longe. Seu projeto mais almejado leva o nome de Assunto proibido. Com direção e coautoria do irmão José Possi Neto, o espetáculo, cujo texto está pronto, é uma montagem de teatro musical. “Mas não é um musical”, esclarece.
O texto nasceu dos próprios escritos de Zizi, “amarrados” com obras de Nietzsche, do poeta Edu Ruiz e da escritora Donna Tartt (autora do romance O pintassilgo). O mote foi a depressão que acometeu a cantora, iniciada numa época de muitas perdas pessoais. “Conto que o dia oficial foi o 11 de setembro de 2001, fiz uma analogia das torres comigo mesma”, observa. O projeto está em fase de captação de recursos.
“Esse projeto é extremamente desafiador, pois vou ter que decorar texto, e sou muito indisciplinada, e fazer uma interpretação falada e não cantada”, conclui.
ZIZI POSSI – VOZ E PIANO
Hoje, às 21h. Palácio das Artes. Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Plateia 1: R$ 140 (inteira) e R$ 70 (meia).